‘’Por esse amor não peço nada em troca’’.
o trabalho voluntário da Torcida Uniformizada do Fortaleza
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v28i2p108-127Resumo
Esse artigo pretende analisar as ações da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), que tem como um dos objetivos não só incentivar o time do Fortaleza Esporte Clube nas arquibancadas, como também na reforma e ampliação do patrimônio físico do clube, por meio de campanhas de arrecadação de dinheiro e material de construção. A análise se dá considerando o futebol como um campo, nos termos usados por Pierre Bourdieu, um espaço marcado pela disputa de um capital simbólico próprio e formas de consagração específicas. Partindo das falas dos torcedores através de entrevistas, assim como da observação das reuniões realizadas na Sede da torcida, observou-se que, o grupo tem conquistado prestígio, sendo considerado pelos torcedores um modelo de Torcida Organizada a ser seguido. Esse crescimento do valor da associação, nesse espaço social onde a dádiva, o dar sem esperar algo em troca, o sacrifício em nome de algo maior (o clube) e a supressão dos interesses individuais são considerados valores supremos, tem sido conquistado a partir de dois modos de manifestação pública de desinteresse: primeiro, por algum ganho financeiro, explicitada pela constante divulgação nos meios de comunicação das prestações de conta do que é arrecadado junto aos torcedores, e finalmente pela renúncia da busca de consagração, ou seja, pela própria forma específica de capital simbólico aí em jogo.
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