A floresta de cristal: notas sobre a ontologia dos espíritos amazônicos

Autores

  • Eduardo Viveiros de Castro Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v15i14-15p319-338

Palavras-chave:

Yanomami. Ontology. Spirits. Cosmology. Shamanism. Light.

Resumo

O artigo propõe uma reflexão sobre a
ontologia dos espíritos na Amazônia indígena. Uma
narrativa de Davi Kopenawa (pensador e líder político
yanomami) sobre os xapiripë (ancestrais animais ou es-
píritos xamânicos que interagem com os xamãs de seu
povo) é tomada como inspiração central para uma dis-
cussão mais ampla sobre cosmologia e xamanismo na
Amazônia. Nesta discussão, os conceitos amazônicos
sobre os “espíritos” não apontam para uma classe ou
gênero de seres, mas para uma síntese disjuntiva entre
o humano e o não-humano. O tema da intensidade
luminosa característica dos espíritos é interpretado em
termos de uma ênfase não-representacional na visão
como modelo da percepção e do conhecimento nas
culturas ameríndias. Kopenawa afirma que os xamãs
dos Yanomami sabem que sua floresta pertence ao xa-
piripë e é feita de seus “espelhos”, isto é, cristais bri-
lhantes. A floresta de cristal, portanto, não reflete ou
reproduz imagens, mas ofusca, refulge e resplandece.

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Biografia do Autor

  • Eduardo Viveiros de Castro, Universidade Federal do Rio de Janeiro
    Professor de Antropologia / MN-UFRJ

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Publicado

2006-03-30

Edição

Seção

Especial

Como Citar

A floresta de cristal: notas sobre a ontologia dos espíritos amazônicos. (2006). Cadernos De Campo (São Paulo - 1991), 15(14-15), 319-338. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v15i14-15p319-338