Comentário ao artigo de F. Grenand, "Nommer son univers..."
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v18i18p201-215Resumo
O artigo de F. Grenand se dedica a um pro-blema familiar para muitos dos etnólogos espe-
cialistas em sociedades indígenas: como cruzar
o nosso sistema científico de classificação com
os sistemas alheios? Em que medida as nomen-
claturas indígenas podem ser traduzidas pelas
nossas e, mais ainda, até que ponto as entidades
designadas ou discriminadas pelos pensamen-
tos alheios se referem às mesmas visadas pela
taxonomia moderna? O procedimento usual
de reflexão, problematizado pela própria auto-
ra, é aquele que toma como referência o conhe-
cimento metropolitano e passa então à análise
das margens, isto é, das sociedades tradicionais,
ágrafas, não-ocidentais, etc. No centro está a
ciência moderna em todos os seus ramos, que
detém, em última instância, o conhecimen-
to verdadeiro e acurado sobre o mundo. Nas
margens estão as variações, os sistemas folk, as
etnotaxonomias, as etnobiologias, as etnoma-
temáticas, as etnopoesias e assim por diante.
“Etno” passa, assim, a ser o classificador capaz
de demarcar as visões alternativas, as “visões de
mundo” compreensíveis desde que as culturas
se tornaram relativas. Tratamos de compreen-
sões distintas do mundo ou da natureza, que,
no entanto, se mantém única ou estável. Mas
estarão os povos da Amazônia a pensar sobre
esta natureza única em seus sistemas de classifi-
cação? Ou terminarão por pressupor “mundos”
e “naturezas” cujas multiplicidades não se tra-
duzem pelo monismo ocidental? Não sugerem
tais ontologias a necessidade de desnaturalizar,
tanto a “cultura” e o “pensamento”, quanto o
“real” e o “natural”, estas bases do mundo mo-
derno? Ao que parece, são os dois polos da re-
lação (ou, a rigor, o próprio registro relacional)
que estão em jogo, e não apenas um.
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Publicado
2009-03-30
Edição
Seção
Traduções
Licença
Autorizo a Cadernos de Campo - Revista dos Alunos de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de São Paulo (PPGAS-USP) a publicar o trabalho (Artigo, Ensaio, Resenha,Tradução, Entrevista, Arte ou Informe) de minha autoria/responsabilidade assim como me responsabilizo pelo uso das imagens, caso seja aceito para a publicação.
Eu concordo a presente declaração como expressão absoluta da verdade, também me responsabilizo integralmente, em meu nome e de eventuais co-autores, pelo material apresentado.
Atesto o ineditismo do trabalho enviado.
Como Citar
Comentário ao artigo de F. Grenand, "Nommer son univers...". (2009). Cadernos De Campo (São Paulo - 1991), 18(18), 201-215. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v18i18p201-215