Elogio à masturbação: materialismo e saúde em Diderot

Autores

  • Paulo Jonas de Lima Piva Universidade Federal do ABC (UFABC). Centro de Ciências Naturais e Humanas (CCNH)

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v2i33p65-78

Palavras-chave:

Corpo, Masturbação, Materialismo, Hedonismo, Eudemonismo

Resumo

Partindo da premissa ontológica de que a realidade é única e essencialmente matéria e que o ser humano é tão-somente corpo, o filósofo francês Denis Diderot (1713-1784) desenvolveu, sobretudo no decorrer da sua maturidade filosófica, uma ética hedonista, baseada na moderação dos prazeres e na preocupação com a utilidade pública. Simultaneamente eudemonista, essa perspectiva materialista entende a felicidade como um estado psicofisiológico, mais precisamente como uma necessidade orgânica que depende da saúde do corpo que constitui e que consiste no próprio indivíduo. É quando, na sua Continuação da conversa, de 1769, Diderot se faz médico e, de forma inusitada, provoca uma reflexão de alcance ético sobre a masturbação. É desta reflexão filosoficamente heterodoxa e dos seus desdobramentos éticos que trata este artigo.

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Publicado

2018-12-20

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Elogio à masturbação: materialismo e saúde em Diderot. (2018). Cadernos De Ética E Filosofia Política, 2(33), 65-78. https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v2i33p65-78