Temporalidades rurais

trabalho feminino, sentidos e organização do tempo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v22i2p199-216

Palavras-chave:

sentidos do tempo, trabalho feminino rural, relações de gênero, organização do tempo, etnografia, psicologia social do trabalho

Resumo

Na pesquisa que embasa este artigo, buscou-se compreender as relações entre tempo e trabalho através da narração de cenas extraídas de uma pesquisa de inspiração etnográfica baseada no acompanhamento do trabalho de mulheres, no contexto agrícola familiar. Verificou-se que essas relações passam pela noção de clima, influenciando a produção de alimentos e impactando economicamente as famílias; que a terminologia carrega heranças simbólicas, por exemplo, os conhecimentos passados de uma geração à outra; e que o uso que as mulheres fazem de seu tempo é predominantemente preenchido por atividades laborais. Ou seja, o tempo é vivido objetiva e subjetivamente em estreiteza com o trabalho e suas transformações repercutem no cotidiano, daí a necessidade de pesquisas que agreguem as discussões de gênero nos ambientes rurais e contribuam para que políticas públicas sejam fortalecidas e possibilitem outros usos de tempo para as mulheres.

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Biografia do Autor

  • Mayara Galvan dos Santos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Psicóloga, possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e mestrado em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 

  • Álvaro Roberto Crespo Merlo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Álvaro Roberto Crespo Merlo é Médico do Trabalho, Especialista em Saúde Pública pela Université Paris I (Panthéon-Sorbonne) em 1979, Doutor em Sociologia pela Université Paris VII (Denis Diderot) em 1996. Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atua na Faculdade de Medicina, no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional da UFRGS e é Professor Médico-Assistente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no Serviço de Medicina Ocupacional/Ambulatório de Doenças do Trabalho e na Residência em Medicina do Trabalho. Atua na área de Psicologia, com ênfase em Psicodinâmica e Clínica do Trabalho e na área da Medicina, com ênfase em Medicina do Trabalho. Líder do Grupo de Pesquisa Laboratório de Psicodinâmica do Trabalho da UFRGS.

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Publicado

2019-12-20

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Temporalidades rurais: trabalho feminino, sentidos e organização do tempo. (2019). Cadernos De Psicologia Social Do Trabalho, 22(2), 199-216. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v22i2p199-216