O ogro no espelho: Hanibbal Lecter e o mito do homem selvagem

Autores

  • Rosane Cardoso Universidade de Santa Cruz do Sul
  • Marina de Oliveira Universidade de Santa Cruz do Sul

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.v0i18p108-122

Palavras-chave:

Hannibal Lecter, Canibalismo, Ogro, Mito do homem selvagem.

Resumo

O canibalismo é uma prática tão antiga quanto a humanidade e compreende muitos desdobramentos. Manifestou-se em períodos de fome intensa, em rituais pagãos e em representações artísticas. Tabu incontestável no Ocidente é visto atualmente como crime hediondo. Na literatura, a personagem que geralmente sintetiza esse tipo de barbárie é o ogro, criatura de índole perversa que quer devorar aqueles que atravessam seu caminho. O canibal/ogro adquire várias formas, de deuses primitivos, passando pela bruxa ou pela madrasta má dos contos de fadas até versões vampirescas. Este artigo discute o canibalismo na narrativa contemporânea, considerando o fascínio que provoca Hannibal Lecter, personagem central dos best-sellers de Thomas Harris e de exitosas narrativas audiovisuais. Colocando o renomado psiquiatra e serial killer na posição de ogro contemporâneo, analisa-se a sua relação, como ogro, com um mito ancestral, o mito do homem selvagem discutido pelo antropólogo Roger Bartra.

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Biografia do Autor

  • Rosane Cardoso, Universidade de Santa Cruz do Sul
    Professora Departamento de Letras da Universidade Santa Cruz do Sul (UNISC). Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Letras da UNISC.
  • Marina de Oliveira, Universidade de Santa Cruz do Sul

    Graduada em Letras pela Universidade de Santa Cruz do Sul e pós-graduanda da Uninter–RS

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Publicado

2017-06-30

Como Citar

O ogro no espelho: Hanibbal Lecter e o mito do homem selvagem. (2017). Revista Criação & Crítica, 18, 108-122. https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.v0i18p108-122