A PELE QUE NÃO HABITO: A FUSÃO HOMEM E BICHO NO CONTO “A PELE DO JUDEU” DE MÁRIO DE CARVALHO

Autores

  • Antonia Marly Moura Silva Universidade do Estado de Rio Grande do Norte

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v10i19p115-132

Palavras-chave:

Conto português, fantástico, o animal na literatura

Resumo

Na reconciliação do real com o imaginário, a literatura fantástica tem legitimado, pelo viés do símbolo e da alegoria, temores e indagações sobre a relação entre homem e bicho. Sedimentado no caráter subversor da realidade, figurações sombrias e de grande impacto emocional circunscrevem questões prementes sobre identidade, alteridade, integração natural ou experiência civilizada. É o que se verifica no conto “A pele do judeu”, integrante da obra Contos da sétima esfera (1981) do português Mário de Carvalho. No relato, a metamorfose da personagem central realça a natureza lendária do enredo ao mesmo tempo em que destaca a jornada subjetiva que os seres ficcionais enfrentam em busca de si mesmos e dos mistérios da vida. É, pois, seguindo tal linha de reflexão que pretendemos analisar o referido conto à luz dos conceitos de Irène Bessière (1974), Julio Cortázar (1974), Roger Bozzetto (2001), David Roas (2014), Remo Ceserani (2006) dentre outros autores que em suas obras abrem um espaço promissor para o debate sobre a natureza do relato fantástico. Também muito oportunos são os postulados teóricos de Warnes (2012) e Gallagher (2009) sobre o motivo da metamorfose na literatura. 

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Antonia Marly Moura Silva, Universidade do Estado de Rio Grande do Norte
    Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), Pós-Doutora em Letras pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, PT. Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem (PPCL) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), vinculada ao Departamento de Letras Vernáculas (DLV).

Referências

ALMEIDA, Teresa. A arte de inquietar: percurso sobre a ficção de Mário de Carvalho. In: Mário de Carvalho: homenagem à vida e obra. Escritaria, Penafiel, 2015. pp. 103-119.

AUGRAS, M. O duplo e a metamorfose: a identidade mítica em comunidades nagô. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

ARNAUD, Ana Paula. A paixão do Conde de Fróis: paródia e subversão. In: SILVA, Maria de Fátima; BARBOSA, Teresa Virgínia Ribeiro. (Org). Ensaios sobre Mário de Carvalho. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2012. pp.189-200.

BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. São Paulo: Hucitec, 1988.

BESSIÈRE, Irène. O relato fantástico: forma mista do caso e da advinha. Fronteiraz Trad. D’Angelo, B. & Oliveira, M. R. D. São Paulo, PUC-SP, 3(1), 2009, 1-18. Disponível em http://revistas.pucsp.br/index.php/fronteiraz/issue/view/875. Acesso em 26 de Novembro de 2013.

BOZZETTO, Roger. Le fantastique dans tous ses états. Aix-en-Provence: Publications de L’Université de Provence, 2001.

BOZZETTO, Roger & Huftier, Arnaud. Les frontières du fantastique: approches de l’impensable em littérature. Paris: Presses Universitaires de Valenciennes, 2004.

BRAVO, Nicole Fernandez. O duplo. In: BRUNEL, Pierre. (org). Dicionário de mitos literários. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1997. p. 261- 293.

CALVINO, Ítalo. Introdução. Contos fantásticos do século XIX: o fantástico visionário e o fantástico cotidiano. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 9-18.

CARVALHO, Mário. (1990). Contos da sétima esfera (2a ed.). Lisboa: Caminho.

____. Entrevista com Mário de Carvalho. Disponível em: http.//www.homemmag.pt/pt/index.php/arte-e-literatura/arquivo-arte-e-literaaura/87-luisa-costa-gomes-entrevista-mario-de-carvalho

____. Folheando com Mário de Carvalho. Disponível em: http://www.portaldaliteratura.com/entrevistas.php?id=39.

CESERANI, Remo. O fantástico. Curitiba: Editora UFPR, 2006.

CHEVALIER, Jean e GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos: mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. 6. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1992.

ELIADE, Mircea. Imagens e símbolos: ensaios sobre o simbolismo mágico-religioso. Trad. Tamer, S. C. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

FREUD, Sigmund. O estranho. Obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1990. v. 18. p. 12-85.

FURTADO, Filipe. A construção do fantástico na narrativa. Lisboa: Livros Horizonte, 1980.

GALLAGHER, David. Transformations of the body and the influence of Ovid´s metamorfhosis on germanic literature of the nineteenth and twentieth centuries. New York: Editions Rodopi B. V. Amsterdam, 2009.

HALL, Stuart. A identidade na pós modernidade. 11. ed. Tradução de Tomaz T. da Silva e Guacira L. Lovro. Rio de Janeiro: DP & A. 2006.

LOBO, Domingos. Rigor e reinvenção: o universo literário de Mário de Carvalho. In: Mário de Carvalho: homenagem à vida e obra. Escritaria, Penafiel, 2015. pp.41-50.

OVÍDIO. Metamorfoses. Tradução Vera Lúcia Leitão Magyar. São Paulo: Madras, 2003.

PIGLIA, Ricardo. Formas breves. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

PLATÃO. O Banquete ou Do amor. 2. ed. Trad.; introdução e notas de J. C. de Souza. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1999.

______. República. Trad. de Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova Cultural, 2000.

ROAS, David. A ameaça do fantástico: aproximações teóricas. São Paulo: Editora da UNESP, 2014.

ROSSET, Clèment. O real e seu duplo: ensaio sobre a ilusão. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.

SANTOS, Rosana Baptista dos. Fabulário: (Re)contando mitos. In: SILVA, Maria de Fátima; BARBOSA, Teresa Virgínia Ribeiro. (Org). Ensaios sobre Mário de Carvalho. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2012. p. 249-271.

SILVA, Vera Maria Tietzmann. A metamorfose nos contos de Lygia Fagundes Telles. 2. ed. Goiania: Editora da UFG, 2001.

SILVESTRE, Osvaldo Manuel. Mário de Carvalho: revolução e contra-revolução ou um passo trás e dois à frente. Revista Colóquio/ Letras, 1 (147/148), 1998, 209-229.

WARNES, Marina. Fantastic metamorfoses other worlds. Ways of telling the self. New York: Oxford University Press, 2012.

Downloads

Publicado

2018-06-30

Como Citar

A PELE QUE NÃO HABITO: A FUSÃO HOMEM E BICHO NO CONTO “A PELE DO JUDEU” DE MÁRIO DE CARVALHO. (2018). Revista Desassossego, 10(19), 115-132. https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v10i19p115-132