Entre os enunciados políticos e os corredores de liberdade nas práticas curriculares dos professores
DOI:
https://doi.org/10.1590/s1678-4634201945189917Palavras-chave:
Políticas educacionais, Práticas curriculares, Agência dos professoresResumo
A concretização do princípio de uma educação democrática fundada na igualdade de oportunidades de sucesso para todos tem justificado discursos políticos que, referindo-se à autonomia das escolas e dos professores, reconhecem a importância do seu papel na construção de práticas curriculares adequadas aos diferentes contextos e características dos alunos. No caso dos professores, essa autonomia está associada ao conceito de agência e remete a seu papel ativo, em contexto escolar, na definição e condução dos processos curriculares. Tendo essa perspectiva por referência, este artigo analisa possibilidades e dificuldades que se apresentam aos professores que, diariamente, procuram percorrer os corredores de liberdade curricular e pedagógica. Para isso, foi realizado um estudo que recolheu e analisou discursos de professores de escolas bem colocadas no ranking nacional português sobre as suas práticas curriculares quotidianas, particularmente no que os motiva para o recurso a práticas de contextualização e a factores que influenciam ou impedem o seu desenvolvimento. Conclui-se que a autonomia docente, apesar de presente em orientações políticas, concorre com outras imposições externas que deixam pouco espaço aos professores para desenvolverem práticas curriculares que adequem o currículo prescrito a nível nacional aos contextos escolares reais. Conclui-se igualmente que, apesar das circunstâncias e condicionantes existentes, os professores ouvidos neste estudo procuram espaços e momentos para percorrer os, por vezes estreitos, corredores de liberdade.
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