Mestres do saber oral: a escuta poética da fala

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/extraprensa2019.162949

Palavras-chave:

Cultura, Memória, Tradição Oral, Educação, Direitos Humanos

Resumo

Este artigo aborda o tema da memória como base do desenvolvimento das coletividades e dos indivíduos, operando na fronteira entre inclusão e exclusão, entre lembrança e esquecimento. A escuta sensível da fala pode ajudar-nos a restaurar o pensamento diante do inominável. A trama conceitual contempla o jogo de forças sociais, disputa de formas, possibilidades, arranjos e ordenamento do conhecimento, por meio de abordagem que perpassa pelo reconhecimento ontológico das bibliotecas vivas (griôs); por sua contribuição pedagógica na “produção compartilhada de saberes” como solução de demandas por apropriação de memórias e circulação social de informações. Por meio da escuta e convívio com os mestres, experimenta-se uma nova relação com o saber, voluntária e coletiva, cuja materialização se dá no fazer prático (savoir-faire) por meio do qual os sujeitos do conhecimento aprendem a se informar, a conhecer o que é saber e fazer colaborativamente.

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Biografia do Autor

  • Edison Luís dos Santos, Universidade de São Paulo

    Doutor e mestre em Ciência da Informação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Bacharel em Linguística pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP) e em Biblioteconomia (ECA). Pesquisador colaborador do Grupo de Estudos de Ontologias do Departamento de Biblioteconomia e Informação (CBD/ECA), onde desenvolve projeto de pós-doutorado para criação de referenciais teóricos e metodológicos no campo da Ciência da Informação.

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Publicado

2019-12-30

Como Citar

Mestres do saber oral: a escuta poética da fala. (2019). Revista Extraprensa, 13(1), 169-184. https://doi.org/10.11606/extraprensa2019.162949