Leitura crítico-filológica de Resolução de 1822: revoltas, vigilância, violência e punição na Bahia do século XIX

Autores

  • Eliana Correia Brandão Gonçalves Universidade Federal da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v20i2p153-174

Palavras-chave:

Filologia, Paleografia, Crítica textual, Revoltas escravas, Vigilância e violência

Resumo

O artigo apresenta um estudo crítico-filológico, a partir da edição semidiplomática e dos comentários paleográficos, da Resolução de 1822, procedente de Cachoeira – Bahia, que registra a necessidade de gestão do controle social da população negra no Brasil, com vistas à repressão dos movimentos de revoltas escravas. Cachoeira foi um dos núcleos urbanos mais importantes do Recôncavo Baiano no século XIX e, portanto, palco de constantes sublevações de escravos. Decerto, os nossos heróis negros deixaram, nos registros jurídicos, vestígios de luta e resistência, visto que representavam um problema de segurança, que demandava vigilância e medidas legais por parte do governo imperial e provincial. Essas medidas legais dialogam com as reivindicações sociais e políticas, por parte daqueles que executavam ações violentas e punitivas, em relação aos frequentes atos de enfrentamento e resistência promovidos pelo povo negro. Nesse viés, a atividade filológica de editar textos sobre as revoltas na Bahia requer uma pesquisa criteriosa e argumentativa. E, portanto, é preciso escavar a memória dos grupos oprimidos e lembrar os corpos dissidentes, descontentes e silenciados pelos contextos de escravatura, propondo a reflexão dessas narrativas a partir da crítica-filológica.filológica.

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Biografia do Autor

  • Eliana Correia Brandão Gonçalves, Universidade Federal da Bahia

    Professora Adjunta - Doutora - Universidade Federal da Bahia - Departamento de Fundamentos para o Estudo das Letras - Instituto de Letras

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Publicado

2018-12-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Leitura crítico-filológica de Resolução de 1822: revoltas, vigilância, violência e punição na Bahia do século XIX. (2018). Filologia E Linguística Portuguesa, 20(2), 153-174. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v20i2p153-174