A liberdade também passou por aqui: Cineground, memória de uma cinematografia queer dos anos 1970 em Portugal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2019.152959

Palavras-chave:

Cinema amador, Performance travesti, Teoria queer, Direitos LGBT, Cineground

Resumo

A Cineground (1975-78) foi uma produtora de cinema amador, fundada em pleno PREC pelo artista plástico Óscar Alves e pelo cineasta João Paulo Ferreira. Projeto também ele revolucionário pela abordagem de sexualidades ainda criminalizadas na década de 1960/70, mostrou que a verdadeira libertação da sociedade teria de passar pela libertação do corpo individual. Esta cinematografia produzida em formato Super-8, e característica das condições sociais particulares deste tipo de circuito, abordou pela primeira vez no cinema português a temática gay, com a representação da vida dupla dos homossexuais (problemática do armário), e também queer, com a presença constante da personagem travesti. À discussão da performance travesti enquanto possibilidade de transgressão e desnaturalização de noções de género e identidade, segue-se uma reflexão sobre a representação e visibilidade das pessoas LGBT no cinema, no qual o Cineground, veículo de desobediência à ordem social e política da época, aparece como uma forma de artivismo.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Mariana Gonçalves, Instituto Universitário de Lisboa

    Mariana Gonçalves é bacharel em Relações Internacionais pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) e mestre em Antropologia na especialidade de Migrações, Globalização e Multiculturalismo pelo ISCTE-IUL. A investigação sobre a cinematografia da produtora Cineground (1975-78) rendeu-lhe participações no Congresso Nacional de Antropologia: Antropologia em Contraponto, em Setembro de 2013, na Conferência Internacional INTIMATE: Queering Parenting organizada pelo CES e pela FEUC, em Março de 2016, e colaborações em eventos culturais como a Sombra Cineclube da FBAUP e a Groove Ball. Trabalha atualmente na realização de um webdoc sobre a produtora. E-mail: mare_smg@hotmail.com

Referências

Althusser, Louis. 1971. Ideologia e aparelhos Ideológicos do Estado: notas para uma investigação. Lisboa: Editorial Presença.

Amaral, Ana Luísa, Ana Gabriela Macedo e Marinela Freitas. 2012. Novas cartas portuguesas e os feminismos. Cadernos de Literatura Comparada, no. 26-27: 7-14.

António, Lauro. 1976. Solidão Povoada. Isto é Espectáculo: 66.

António, Lauro. 1978. Aventuras e Desventuras de Julieta Pipi. Isto é Cinema: 14.

Bastos, Susana Pereira. 1997, O Estado Novo e os seus Vadios. Lisboa: Publicações Dom Quixote.

Bessa, Karla. 2007. Os festivais GLBT de cinema e as mudanças estético-políticas na constituição da subjectividade. Cadernos Pagu, no. 28: 257-283.

Brandão, Ana Maria. 2008. Breve contributo para uma história da luta pelos direitos de gays e lésbicas na sociedade portuguesa. In Semana Pedagógica União de Mulheres Alternativa e Resposta (Umar), Braga, 17 abr. 2008. Disponível em: <https://bit.ly/2Mu1Vwu>. Acesso em: 29 jul. 2019.

Butler, Judith. 1993. Bodies that matter: on the discursive limits of sex. New York: Routledge.

Butler, Judith. 1997. The psychic life of power: theories of subjection. New York: Routledge.

Cascais, António Fernando. 2001. A história do movimento gay e lésbico português em três tempos. Sem Medos, n. 10: 10-13.

Cascais, António Fernando. 2006. Diferentes como só nós: o associativismo GLBT em três andamentos. Revista Crítica de Ciências Sociais, no. 76: 109-126.

Cascais, António Fernando. 2007. Uma cinematografia gay portuguesa dos anos 1970. In 11º Queer Lisboa: Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa, Lisboa, 14 a 22 set. 2007.

De Lauretis, Teresa. 1984. Alice doesn’t: feminism, semiotics, cinema. Bloomington: Indiana University Press.

De Lauretis, Teresa. 1987. Technologies of gender: essays on theory, film and fiction. Bloomington: Indiana University Press.

Comenas, Gary. 2002. “Flesh (1968)”. Warholstars.org . Disponível em <http://www.warholstars.org/flesh.html>. Acesso em 5 ago. 2019.Derrida, Jacques. 1974. Glas. Paris: Éditions Galilée.

Dhaenens, Frederik, Sofie Van Bauwel e Daniel Biltereyst. 2008. Slashing the fiction of queer theory: slash fiction, queer reading, and transgressing the boundaries of screen studies, representations and audiences. Journal of Communication Inquiry, vol. 32, no. 4: 335-347.

Dyer, Richard. 1993. The matter of images: essays on representation. New York: Routledge.

Grossman, Andrew. 2015. Travestism in film. Encyclopedia of gay, lesbian, bisexual, transgender, and queer (GLBTQ). Disponível em: <https://bit.ly/2YsoLr0>. Acesso em: 29 jul. 2019.

MacDougall, David. 2006. The corporeal image: film, ethnography, and the senses. Princeton: Princeton University Press.

Marks, Laura U. 2000. The skin of the film: intercultural cinema, embodiment and the senses. Durham: Duke University Press.

Mascarenhas, Marta. 2012. “Cartas portuguesas” e “novas cartas portuguesas”: releituras im-possíveis. Cadernos de Literatura Comparada, no. 26-27: 62-92.

Matos-Cruz, José de. 1982. Anos de abril: cinema português 1974-1982. Lisboa: Instituto Português do Cinema.

Merleau-Ponty, Maurice. 1973. The Prose of the World. London: Northwestern University Press.

Mulvey, Laura. 1975. Visual pleasure and narrative cinema. Screen, vol. 16, no. 3: 6-18.

Nelson, Tollof. 2001. Marks, Laura U. The Skin of the Film : Intercultural Cinema, Embodiment, and the Senses. Durham and London : Duke University Press, 2000, 298 p. Cinémas, vol. 11, n. 2-3: 293- 301.

Loja Neves, António. 2007. Super 8: formato reduzido para quem ama o cinema. Lisboa: Centro Cultural da Malaposta.

Nowell-Smith, Geoffrey. 2017. The history of cinema: a very short introduction. New York: Oxford University Press.

Nunes, Mário Damas. 1977. Fatucha Superstar: Fátima muito “in”. Isto é Espectáculo, abr.: 25.

Pina Cabral, João. 2000/1996. “A Difusão do Limiar: margens, hegemonias e contradições na Antropologia Contemporânea”. Análise Social, no. 153: 865-892. Lusa. 2003. Aos 76 anos de idade, morreu a actriz Carmen Mendes. Público, 8 maio 2003. Disponível em: <https://bit.ly/2Yw5btD>. Acesso em: 29 jul. 2019.

Raposo, Paulo. 2010. Por detrás da máscara: ensaio de antropologia da performance sobre os Caretos de Podence. Lisboa: Instituto dos Museus e da Conservação.

Rocha, Caio César Silva e Danilo Pereira Santos. 2014. Estranhos familiares: a inserção das personagens homo/lesbo/bi/ transsexuais no cinema. Periódicus, vol. 1, no. 1: 1-16. <https://bit.ly/2YsAJRt>. Acesso em: 29 jul. 2019.

Santos, Ana Cristina. 2005. A lei do desejo: direitos humanos e minorias sexuais em Portugal. Porto: Afrontamento.

Sontag, Susan. 2018. Notes on “Camp”. London: Penguin Classics.

Turner, Victor. 1987. The anthropology of performance. New York: PAJ Publications.

Vale de Almeida, Miguel. 2004a. O corpo na teoria antropológica. Revista de Comunicação e Linguagens, no. 33: 49-66.

REFERÊNCIAS AUDIOVISUAIS

Chaplin, Charles. 1914a. A busy day. USA, b/w, silent, short (6 min), 35mm (ratio 1.33:1).

Chaplin, Charles. 1914b. The masquerader. USA, b/w, silent, short (9 min), 35mm (ratio 1.33:1).

Christie, Al. 1919. Rowdy Ann. USA, b/w, 21m, silent, short (2 reels, 600m), 35mm (ratio 1.33:1).

Roach, Hal. 1915. Spit-Ball Sadie. USA, b/w, silent, short (1 reel, 300 meters, +/- 10 mins), 35mm (ratio 1.33:1).

Smith, Jack. 1963. Flaming creatures. USA, b/w, 45 mins, mono (sound), 16mm (ratio 1.33:1).

Wagner, Rob. 1924. The perfect lady. USA, b/w, silent, short (1 reel, 300 meters, +/- 9 mins), 35mm (ratio 1.33:1).

Waters, John. 1970. Multiple maniacs. USA, b/w, 97 mins, mono (sound), 16mm (35mm printed) (ratio 1.66:1).

Waters, John. 1972. Pink flamingos. USA, color, 93 mins, Dolby/mono (sound), 16mm (35mm blow-up & printed) (ratio 1.85:1).

Waters, John. 1974. Female trouble. USA, color, 89 mins, Chace Surround/mono (sound), 16mm (35mm blow-up & printed) (ratio 1.85:1).

Wilder, Billy. 1959. Some like it hot. USA, b/w, 121 mins, mono (sound), 35mm (ratio 1.66:1).

Wood, Edward. 1953. Glen or Glenda. USA, b/w, 65 mins, mono (sound), 35mm (ratio 1.37:1).

Publicado

2019-10-24

Edição

Seção

Dossiê Artes e antropologias

Como Citar

“A Liberdade também Passou Por Aqui: Cineground, memória De Uma Cinematografia Queer Dos Anos 1970 Em Portugal”. 2019. GIS - Gesto, Imagem E Som - Revista De Antropologia 4 (1): 157-81. https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2019.152959.