O trabalho do jornalista e suas contradições: uma ontologia da crise

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v11i3p129-149

Palavras-chave:

Teoria do Jornalismo, crise, trabalho

Resumo

O artigo investiga as tendências que orientam a prática jornalística hoje, buscando compreender as mutações no mundo do trabalho do jornalista. Ao explorar a esfera da produção noticiosa, torna-se possível cartografar as contradições no interior do jornalismo, ressaltando como as dimensões singulares, particulares e universais interagem na moldura objetiva da crise que afeta o campo. Como muitas outras profissões, alteradas historicamente e muitas vezes extintas por novas forças produtivas, o jornalismo tem se tornado uma prática fragmentada e instável, sendo que o empreendedorismo neoliberal afeta tanto a subjetividade do repórter e de seus projetos profissionais quanto o papel da informação jornalística na sociabilidade hegemônica contemporânea.

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Biografia do Autor

  • Rafael Bellan Rodrigues de Souza, Universidade Federal do Espírito Santo
    Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades e do Departamento de Comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Possui pós-doutorado na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), mestrado em Comunicação Midiática pela Unesp e graduação em Comunicação Social - Jornalismo também pela Unesp. Tem experiência nas áreas de Comunicação, Jornalismo e Sociologia, atuando principalmente nos seguintes temas: mídia, comunicação alternativa, comunicação e trabalho, ideologia, teoria e ética do jornalismo, produção de sentido, marxismo e movimentos sociais.

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Publicado

2017-12-27

Edição

Seção

Em Pauta/Agenda

Como Citar

O trabalho do jornalista e suas contradições: uma ontologia da crise. (2017). MATRIZes, 11(3), 129-149. https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v11i3p129-149