Dos efeitos de um exílio: Moses Finley na Inglaterra

Autores

  • Miguel Soares Palmeira

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2017.127336

Palavras-chave:

exílio de intelectuais, M. I. Finley, Estudos Clássicos

Resumo

Analisam-se aqui os significados da expatriação para a trajetória de Moses I. Finley (1912-1986), historiador de origem estadunidense ao qual se atribui um papel importante na reconfiguração dos estudos de História Antiga Greco-Romana na Inglaterra. Começa-se por uma caracterização do êxito acadêmico do personagem em questão, acompanhada de uma crítica à maneira como os pares de Finley ligam esse êxito à condição de exilado. Procede-se em seguida a uma descrição das condições da ida para a Inglaterra, em um primeiro movimento de apresentação dos traços pertinentes à compreensão da trajetória do historiador. A isso sucede um exame de certas marcas das obras de Finley do início dos anos 1950 que contribuem para regular sua inscrição no universo social dos classicistas da Inglaterra. Por fim, procura-se mapear constrangimentos e possibilidades postos a Finley devido à sua condição de “estrangeiro” (ou de historiador estrangeirado) no mundo acadêmico britânico, com o que se espera invocar elementos de algum modo úteis para a discussão de tipos análogos de exílio.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Referências bibliográficas

BENTLEY, Michael. Modern historiography. Londres: Routledge, 1999.

BRESSON, Alain. Moses Finley. In: SALES, Véronique Sales (org.). Les historiens. Paris: Armand Colin, 2003, p. 178-79.

BOARDMAN, J.; FINLEY, M. I.; LLOYD-JONES, H. The future of classical scholarship. The Listener, 30 de março de 1961, p. 562-564.

BOURDIEU, Pierre & SAINT-MARTIN, Monique de. Les catégories de l’entendement professoral. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, n. 3, 1975, p. 68-93.

BRIGGS, W. & CALDER III, W. (org.). Classical scholarship. A biographical encyclopedia. Londres: Garland Publishing, 1990.

CARBONELL, Charles-Olivier. Historiografia. Tradução de Pedro Jordão. Lisboa: Teorema, 1987.

DE BAETS, A. Exile and acculturation: Refugge historians since the Second World War. The International History Review, v. 28, n. 2, p. 316-349, 2006. DOI: 10.1080/07075332.2006.9641095.

Di DONATO, Ricardo. The Moses Finley’s papers: una introduzione. Opus VI-VIII, 1987-1989, p. 261-264.

De STE. CROIX, G. E. M. Resenha de Studies in land and credit. The English Historical Review, v. 68, n. 268, 1953, p. 450-451.

FINLEY, M. I. Studies in land and credit in ancient Athens. The horos inscriptions. New Brunswick: Transaction Books, 1985.

FINLEY, M. I. The world of Odysseus. Nova York: The New York Review of Books, 2002.

FINLEY, M. I. What set Homer writing? The Daily Telegraph, 8 de agosto de 1958, p. 10.

FINLEY, M. I. Pilar of Hadrian. The Spectator, 18 de novembro de 1960, p. 786.

FINLEY, M. I. Decipherment. The New Statesman, 7 de julho de 1961.

FINLEY, M. I. New look at Ancient History for six formers. The Times, 22 de abril de 1966, p. 9.

FINLEY, M. I. The ancient economy. Nova York: Penguin, 1992.

FINLEY, M. I.; CASKEY, J. L.; KIRK, G. S.; PAGE, D. L. The Trojan War. Journal of Hellenic Studies, v. 84, 1964, p. 1-20.

GERNET, Louis. Resenha de The world of Odysseus. Année Sociologique, 3ª série, v. 7, 1953-54, p. 295-297.

GOFFMAN, Erving. Stigma. Notes on the management of spoiled identity. Nova York: Penguin, 1968 [1963].

HALLET, J. P. Writing as an American in classical scholarship. In: HALLETT, J. P. & NORTWICK, Th. Van (org.). Compromising traditions. The personal voice in classical scholarship. Londres: Routledge, 1997, p. 120-152.

HARTOG, François. La chambre de veille. Entretiens avec Felipe Brandi et Thomas Hirsch. Paris: Flammarion, 2013.

HORNBLOWER, Simon. Introduction. In: FINLEY, M. I. The world of Odysseus. Londres: The Folio Society, 2002, p. xi-xxii.

JANES, Dominic. Finley, Moses I. In: BOYD, Kelly (org.). Encyclopedia of historians & historical writing, vol. 1. Londres/Chicago: Fitzroy Dearborn Publishers, 1999, p. 385-386.

JEANPIERRE, Laurent. Une opposition structurante pour l’anthropologie structurale: Lévi-Strauss contre Gurvitch, la guerre de deux exilés français aux États-Unis. Revue d’histoire des sciences humaines, v. 2, n. 11, 2004, p. 13-43. DOI: 10.3917/rhsh.011.0013.

JEW, Daniel; OSBORNE, Robin; SCOTT, Michael (org.). M. I. Finley. An ancient historian and his impact. Cambridge: Cambridge University Press, 2016.

JOLY, Fábio. Moses Finley e a escravidão antiga. In: CARVALHO, A. G. (org.). A economia antiga: história e historiografia. Vitória da Conquista: Ed. UESB, 2011, p. 73-93.

JONES, A. H. M. Resenha de Studies in land and credit. The Economic History Review, new series, v. 6, n. 3, p. 316-317, 1954.

KNOX, Bernard. Triumph of a heretic. The New York Review of Books, 29 de junho de 1978.

LLOYD-JONES, Hugh. Blood for the ghosts. Classical influences in the nineteenth and twentieth century. Londres: Duckworth, 1982.

MOMIGLIANO, Arnaldo. The Greeks and us. The New York Review of Books, 16 de outubro de 1975, p. 36-38.

MOMIGLIANO, Arnaldo. Problèmes d’historiographie ancienne et moderne. Paris: Gallimard, 1983.

MORRIS, Ian. Foreword. In: FINLEY, M. I. The ancient economy. Los Angeles: University of California Press, 1999, p. ix-xxxvi.

MURRAY, Keith. The development of the universities in Great Britain. Journal of the Royal Statistical Society, v. 121, n. 4, 1958, p. 391-409.

NAIDEN, F. S. & TALBERT, Richard (org.). Moses Finley in America. The making of an ancient historian. American Journal of Philology, special issue, vol. 135, n. 2, 2014.

NOVICK, Peter. That noble dream. The “objectivity question” and American historical profession. Cambridge: Cambridge University Press, 1988.

PALMEIRA, Miguel. Moses Finley e a ‘economia antiga’: a produção social de uma inovação historiográfica. Tese de doutorado em História Social, Programa de Pós-Graduação em História Social, USP, São Paulo, 2008.

PALMEIRA, Miguel. Arquivos pessoais e história da História: a propósito dos Finley papers. In: TRAVANCAS, Isabel; ROUCHOU, Joëlle; HEYMANN, Luciana (org.). Arquivos pessoais: reflexões multidisciplinares e experiências de pesquisa. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2013, p. 79-99.

SAID, Edward. Reflexões sobre o exílio. In: Idem. Reflexões sobre o exílio e outros ensaios. São Paulo: Cia das Letras, 2003.

SCHRECKER, Ellen. No ivory tower: McCarthyism and the universities. Oxford: Oxford University Press, 1986.

SHAW, Brent & SALLER, Richard. Editors’ Introduction. In: FINLEY, M. I. Economy and society in ancient Greece. Londres: Chatto & Windus, 1981, p. ix-xxvi.

SIGAUD, Lygia. Apresentação. In: LEACH, E. R. Sistemas políticos da Alta Brimânia. São Paulo: Edusp, 1996, p. 9-45.

SIMMEL, Georg. The stranger. In: Idem. On individuality and social forms. Chicago: University of Chicago Press, 1971, p. 143-149.

STRAY, Christopher. Classics transformed. Schools, universities and society in England, 1830-1960. Oxford: Oxford University Press, 1998.

STUBBINGS, Frank. Bedders, bulldogs & bedells: A Cambridge glossary. Cambridge: Cambridge University Press, 1995.

THOMPSON, William B. Relevant or irrelevant? Classics in the curriculum today. Greece & Rome, 2ª série, v. 5, n. 2, 1958, p. 196-99.

TODD, Robert (org.). Dictionary of British classicists, 3 vols. Londres: Thoemmes Continuum, 2004.

VIDAL-NAQUET, Pierre. La démocratie grecque vue d’ailleurs. Paris: Flammarion, 1991.

WATSON, George. The man from Syracuse: Moses Finley 1912-1986. The Sewanee Review, v. 112, n. 1, 2004, p. 131-137.

WEBER, Max. A ‘objetividade’ do conhecimento nas Ciências Sociais. In: Idem. Sociologia (col. organizada por Gabriel Cohn). São Paulo: Ática, 1982, p. 79-127.

WHITTAKER, C. R. Moses Finley, 1912-1986. Proceedings of the British Academy, v. 94, 1997, p. 459-472.

WILLIAMS, Gordon. Eduard Fraenkel, 1888-1970. Proceedings of the British Academy, v. 56, p. 415-442, 1970.

Downloads

Publicado

2017-09-13

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

PALMEIRA, Miguel Soares. Dos efeitos de um exílio: Moses Finley na Inglaterra. Revista de História, São Paulo, n. 176, p. 01–31, 2017. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2017.127336. Disponível em: https://revistas.usp.br/revhistoria/article/view/127336.. Acesso em: 24 abr. 2024.