Saraivada de Sambas: Segunda Guerra e Música Popular

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.155049

Palavras-chave:

Segunda Guerra Mundial, Estado-Novo, Música Popular Brasileira, Crítica social, Radiodifusão

Resumo

No Brasil, várias canções foram compostas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), tendo o conflito como tema. Seus versos estão repletos de elogios às tropas aliadas bem como de críticas e deboches às lideranças inimigas. Este artigo, entretanto, enfoca certo tipo de ironia. No Brasil, à época, bem no início da década de 1940, o regime político era uma ditadura. Governos autoritários muito frequentemente tentam valer-se da dupla via da propaganda e da censura. Persuasão e repressão. Isso envolve os circuitos de produção musical, meios de comunicação de massa e radiodifusão. Em algumas canções sobre a Segunda Guerra Mundial, é possível ouvir contradições e confrontos de nossa própria sociedade, principalmente os relativos às pessoas pobres e negras. As principais fontes aqui foram gravações originais em 78 rpm. A transcrição das letras dos discos de cera é cheia de desafios (homofonias, termos que caíram em desuso, gírias). Na metodologia, os discursos das canções são lidos tentando-se estar atento aos seus sinais qualitativos, seus pontos de relevo.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Joao Ernani Furtado Filho, Universidade Federal do Ceará

    Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em História Social do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), professor do Departamento de História da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Referências

ABREU, João Capistrano Honório de. Capítulos de história colonial (1500-1800). 7ª edição. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1988.

ACHILLES, Aristheu. Aspectos da ação do DIP. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa e Propaganda, 1941.

AZEVEDO, Miguel Ângelo de [Nirez]. A história cantada no Brasil em 78 rotações. Fortaleza: Edições UFC, 2012.

BARBALHO, Gracio. O popular em 78 rotações. Natal: Fundação José Augusto, 1982.

CANCELLI, Elizabeth. O mundo da violência: a polícia da era Vargas. 2ª edição. Brasília, DF: Editora UnB, 1994.

CARDOSO JUNIOR, Abel. Francisco Alves: as mil canções do Rei da Voz. Curitiba: Revivendo, 1998.

CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. O Anti-semitismo na Era Vargas. São Paulo: Perspectiva, 2001.

CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial; Teatro de Sombras: a política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

CARVALHO, José Murilo de. Forças armadas e política no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

CASTRO, Celso. Exército e nação: estudos sobre a história do Exército Brasileiro. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2012.

CATROGA, Fernando. A geografia dos afectos pátrios: as reformas político-administrativas (sécs. XIX e XX). Coimbra: Almedina, 2013.

CATROGA, Fernando. Ensaio respublicano. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2011.

CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Tradução: Maria Manuela Galhardo. Lisboa: Difel, 1990.

CUNHA, Euclides da. Ciclo D’Os Sertões. In: CUNHA, Euclides da. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995, v. 2.

FRANCESCHI, Humberto M. Samba de sambar do Estácio: 1928-1931. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2010.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. História geral da civilização brasileira, t. 2: o Brasil monárquico, v. 7: do Império à República. 7ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

KANTOROWICZ, Ernst H. Os dois corpos do Rei: um estudo sobre teologia política medieval. Tradução: Cid Knipel Moreira. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

LAGO, Mário. Bagaço de beira-estrada. 2ª edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977.

LENHARO, Alcir. Sacralização da Política. 2ª edição. Campinas: Papirus, 1989.

MARCONDES, Marco Antonio (ed.). Enciclopédia da música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. São Paulo: Art Editora, 1977.

MATOS, Cláudia. Acertei no milhar: samba e malandragem no tempo de Getúlio. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1982.

MOURA, Roberto. Tia Ciata e a pequena África no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Funarte, 1983.

NABUCO, Joaquim. O Abolicionismo. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002. Coleção Intérpretes do Brasil, v. 1.

OLIVEIRA FILHO, Arthur Loureiro de. Pioneiros do Samba: Carlos Cachaça, Ismael Silva e Bicho Novo. Rio de Janeiro: Museu da Imagem e do Som, 2002.

PARANHOS, Adalberto. Os desafinados: sambas e bambas no “Estado Novo”. São Paulo. Intermeios, 2015.

PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. 2ª edição. São Paulo: Contexto, 2013.

REVEL, Jacques. A invenção da sociedade. Tradução: Vanda Anastácio. Lisboa: Difel, 1990.

REVEL, Jacques. Proposições: ensaios de história e historiografia. Tradução: Claudia O’Connor dos Reis. Rio de Janeiro: Eduerj, 2009.

SALIBA, Elias Thomé. Raízes do Riso. A representação humorística na história brasileira: da Belle Époque aos primeiros tempos do rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

SANDRONI, Carlos. Feitiço decente: transformações do samba no Rio de Janeiro (1917-1933). Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

SANTOS, Alcino et al. Discografia Brasileira em 78 rpm, 1902-1964. Rio de Janeiro: Funarte, 1982. 5 v.

SEVERIANO, Jairo. Yes, nós temos Braguinha. Rio de Janeiro: Funarte, 1987.

SODRÉ, Muniz. Samba: o dono do corpo. 2ª edição. Rio de Janeiro: Mauad, 1998.

TOTA, Antonio Pedro. Samba da legitimidade. Dissertação de mestrado em História, Universidade de São Paulo, 1980.

TUPY, Dulce. Carnavais de guerra: o nacionalismo no samba. Rio de Janeiro: ASB, 1985.

VARNHAGEN, Francisco Adolfo. História das lutas com os holandeses no Brasil: desde 1624 a 1654. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 2002.

VASCONCELOS, Gilberto & SUZUKI JÚNIOR, Matinas. A malandragem e a formação da música popular brasileira. In: FAUSTO, Boris (org.). História geral da civilização brasileira, t. 3: o Brasil republicano, v. 11: economia e cultura (1930-1964). 4ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007, p. 612-638.

VILLA-LOBOS, Heitor. Guia prático: estudo folclórico musical, v. 1. Rio de Janeiro: Irmãos Vitale Editores, 1941.

Fontes

ANDA, nego. Intérprete: Marilu e Regional. Compositores: Vicente Paiva e Sá Roris. [S. l.]: Victor, out. 1943. 1 disco de 78 rotações. 80-0120-B. Samba.

DESCULPA de ocasião. Intérprete: Rosina Pagã, Benedito Lacerda e conjunto. Compositores: Herivelto Martins e Darci de Oliveira. [S. l.]: Odeon, jun. 1942. 1 disco de 78 rotações. 12.159-A. Samba-choro.

FIM do eixo. Intérpretes: Zé & Zilda. Compositor: José Gonçalves [Zé com Fome]. [S. l.]: Victor, out. 1943. 1 disco de 78 rotações. 80-0123-B. Samba.

JOGO Proibido/ Malandro bombardeado. Intérprete: Moreira da Silva. Compositores: Tancredo Silva, David Silva, José Gonçalves e Moreira da Silva. [S. l.]: Continental, mar. 1953. 1 disco de 78 rotações. 16.724-B. Sambas.

ME DÁ, me dá. Intérprete: Carmen Miranda. Compositores: Portelo Juno e Cícero Nunes. [S. l.]: Odeon, ago. 1937. 1 disco de 78 rotações. 11.494-B. Samba-choro.

MULATO patriota. Intérprete: Anjos do Inferno. Compositores: David Nasser e J. Batista. [S. l.]: Columbia, maio 1942. 1 disco de 78 rotações. 55.342-B. Samba

NEGRO artilheiro. Intérprete: Trio de Ouro, Abel Ferreira e orquestra. Compositores: Sinval Silva e Herivelto Martins. [S. l.]: Odeon, jul. 1945. 1 disco de 78 rotações. 12.601-B. Samba.

O BRASIL entrou na guerra.. Intérpretes: Nhô Pai & Nhô Fio. Compositor: Ariowaldo Pires. [S. l.]: Odeon, nov. 1942. 1 disco de 78 rotações. 12.227-A. Moda de viola.

SAMBA de nego. Intérprete: Francisco Alves. Compositor: Pixinguinha [Alfredo da Rocha Vianna]. [S. l.]: Odeon, fev. 1928. 1 disco de 78 rotações. 10.111-B. Samba. Cf. transcrição da letra em Cardoso Junior (1998, p. 88).

TERRA boa. Intérprete: Orlando Silva. Compositores: Ataulfo Alves e Wilson Batista. [S. l.]: Victor, jul. 1942. 1 disco de 78 rotações. 34.938-A. Samba.

TRÊS PALHAÇOS na berlinda. Intérpretes: Ataulfo Alves e sua Academia de Samba. Compositores: Alocin, Odausico Mota e Nelson Trigueiro. [S. l.]: Odeon, mar. 1943. 1 disco de 78 rotações. 12.281-A. Marcha.

Downloads

Publicado

2020-06-10

Edição

Seção

História e Artes

Como Citar

Saraivada de Sambas: Segunda Guerra e Música Popular. Revista de História, [S. l.], n. 179, p. 01–26, 2020. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.155049. Disponível em: https://revistas.usp.br/revhistoria/article/view/155049.. Acesso em: 28 mar. 2024.