Sherlockismos de “O Mistério”. Ficção policial e humor na Primeira República (1907-1928)

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DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.147450

Palavras-chave:

ficção policial, literatura de sensação, humor, Sherlock Holmes, sherlockismo

Resumo

O objetivo deste trabalho é analisar o humor na ficção policial brasileira da Primeira República, tomando como fonte principal o romance O mistério, escrito a oito mãos em 1920 por Afrânio Peixoto, Viriato Correia, Medeiros e Albuquerque e Coelho Netto. Nossa tese é que esse romance representa sobretudo a recepção da ficção policial difundida no país desde 1907. Focaremos a recepção dos textos policiais de Conan Doyle por terem marcado a imaginação dos leitores brasileiros. Sherlock Holmes ensejou imitadores de tal modo que suas deduções foram aplicadas pelos leitores de jornal e jornalistas na solução dos crimes noticiados na imprensa, servindo também de modelo à investigação policial, marcada por uma criminologia científica bastante difundida no período. Mostraremos como esses fenômenos estão presentes em O mistério, mobilizados para uma sátira da polícia e da sociedade brasileira.

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Biografia do Autor

  • Leandro Antonio de Almeida, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia / USP

    Doutor em História, com estágio pós-doutoral realizado no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP). Professor do curso de Licenciatura em História do Centro de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

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Publicado

2020-02-07

Edição

Seção

História e Artes

Como Citar

Sherlockismos de “O Mistério”. Ficção policial e humor na Primeira República (1907-1928). Revista de História, [S. l.], n. 179, p. 01–36, 2020. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.147450. Disponível em: https://revistas.usp.br/revhistoria/article/view/147450.. Acesso em: 29 mar. 2024.