Entre a cozinha e a mesa
notas sobre a doçaria e seus artefatos (América portuguesa, séculos XVII-XIX)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p84Palavras-chave:
América Portuguesa, Alimentação, Doçaria, Sociabilidade, Artefatos de mesa e cozinhaResumo
Até meados do século XVI, o açúcar era um produto raro e caro no mercado europeu, sendo pouco incorporado à cozinha. Destinava-se especialmente aos enfermos, encontrando-se presente nas receitas de infusões e de outros medicamentos. Não fazia parte, portanto, dos registros de consumo de alimentos diários das populações. Mas constava nos compêndios do fim da Idade Média e início da Moderna, como tempero e especiaria, associado a alimentos doces e salgados. Foi, porém, o sucesso dos portugueses na exploração do cultivo da cana-de-açúcar nas suas colônias atlânticas e a consequente expansão da indústria açucareira no império português que transformou o produto exótico em necessidade nas mesas de indivíduos de todas as classes sociais, no século XVII. Seu amplo consumo estimulou a arte da confeitaria na Europa e nas zonas produtoras de açúcar, a qual representa um campo importante de reflexão para o historiador da cultura, já que os doces, devido ao seu intenso caráter simbólico e festivo, encontravam-se presentes nas mais diversas ocasiões de sociabilidade. Com base em livros de receitas antigos, inventários de bens dos séculos XVII e XVIII referentes à região Sudeste do Brasil (post mortem e Autos da Devassa da Inconfidência) e em relatos de viajantes estrangeiros, pretende-se refletir sobre o lugar do doce na América portuguesa e comentar o repertório dos equipamentos de mesa e cozinha utilizados pelos colonos em seus rituais ligados à produção e ao consumo de doces. O estudo visa ainda propor caminhos para uma análise do universo material da cultura, deslocando os artefatos dos espaços originais e das trajetórias de vida de seus proprietários, a fim de estabelecer novos contextos e conexões entre os objetos.
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