Alimentação e escravidão no vale do rio Cauca, Nova Granada, através dos olhos de romancistas e viajantes (1750-1851)

Autores

  • Esteban Zabala Gómez Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p156

Palavras-chave:

História da alimentação, Literatura, Escravidão, Nova Granada, 1750-1851

Resumo

O presente trabalho pretende abordar o uso da literatura, principalmente romances costumbristas do século XIX e relatos de viajantes estrangeiros do mesmo período, como fonte histórica para a análise das práticas alimentares dos escravizados da região do vale do rio Cauca, na Nova Granada, durante os anos de 1750 – última etapa do comércio negreiro – até 1851 – o fim da escravidão. Já o historiador da alimentação Henrique Carneiro, no seu texto As fontes para os estudos históricos sobre a alimentação (2005), prestou atenção na dificuldade que essa área da história tem quanto à pouca quantidade de documentos oficiais úteis para a compreensão dos fenômenos alimentares. Porém, o pesquisador faz um chamado para o uso de múltiplos tipos de fontes, dos quais os relatos de viagens, crônicas e romances sobressaem.

Portanto, no decorrer desta pesquisa tem sido importante prestar especial atenção às metodologias necessárias para o uso da literatura como fonte histórica, assim, temos nos aproximado às teorias produzidas principalmente pela História Cultural, que propõem que para analisar esse tipo de fonte é necessário entender que o que é escrito pelos romancistas e viajantes são representações da realidade e, portanto, como escreveu o historiador José da Silva Horta no seu texto “Nações”, marcadores identitários e complexidades da representação étnica nas escritas portuguesas de viagem: Guiné do Cabo Verde (séculos XVI e XVII), publicado em 2013, essas representações provinham de uma “grelha cultural” de que dispunham os europeus para representar, no nosso caso, os escravizados e libertos, sendo o conceito de representação fundamental para entender os métodos para o análise da literatura desde uma perspectiva histórica.

Assim, este trabalho é uma tentativa de compreender o complexo contexto de contato cultural produto da colonização espanhola nas Américas e o comércio transatlântico de pessoas originárias de diferentes partes da África Ocidental, através das suas práticas alimentares: utensílios, alimentos e preparações, representadas por esses romancistas e viajantes.

Finalmente, os romances aqui usados são María de Jorge Isaacs (1867) e El alférez real de Eustaquio Palacios (1886), ademais dos relatos de viajantes de diferentes nacionalidades como o frei espanhol Juan de Santa Gertrudis, que viajou à Nova Granada entre 1757 e 1767, o coronel britânico John Potter Hamilton, que esteve na década de 20 do século XIX, e o botânico estadunidense Isaac Holton, que passou pelo vale do Cauca no ano de 1851.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Esteban Zabala Gómez, Universidade Federal de Minas Gerais

    Antropólogo da Universidad Nacional de Colombia, mestrando em História na linha de História Social da Cultura na Universidade Federal de Minas Gerais.

Downloads

Publicado

2019-11-30

Como Citar

Alimentação e escravidão no vale do rio Cauca, Nova Granada, através dos olhos de romancistas e viajantes (1750-1851). (2019). Revista Ingesta, 1(2), 156. https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p156