A divisão sexual do trabalho culinário
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p235Palavras-chave:
Divisão sexual do trabalho, Trabalho em cozinhas, Gênero, Relações sociais de sexoResumo
A comunicação tem como objetivo apresentar um referencial teórico para pensar a divisão sexual do trabalho nas cozinhas. Para tanto, pretendo discutir o que é a divisão sexual do trabalho, o que são as relações sociais de sexo e o que eu entendo por gênero, para explicar como eu observei a divisão sexual do trabalho em cozinhas profissionais na minha pesquisa Cozinha é lugar de mulher? A divisão sexual do trabalho em cozinhas profissionais, realizada no Doutorado em Ciências Sociais da Universidade Estadual de Campinas.
A divisão sexual do trabalho, mediada por situações historicamente dadas, fundamenta-se na ideia de antagonismo entre homens e mulheres, assim como relações de exploração-dominação que estão colocadas na sociedade, principalmente em torno do trabalho.
Os elementos que serão analisados são a) a divisão sexual que se expressa nas cozinhas profissionais com a separação entre cozinha quente e cozinha fria, e suas diferentes valorações; b) a criação de um ambiente masculino e masculinizante, hostil para mulheres, que valoriza as características socialmente associadas ao gênero masculino; c) as dificuldades que as mulheres têm de conciliar família e trabalho, na medida em que elas continuam sendo responsáveis pelo trabalho doméstico e de cuidados, o que já foi chamado de “dupla jornada” e que, do ponto de vista prático, cria maiores dificuldades para as mulheres; finalmente, d) a questão da autoridade na cozinha e a associação do chef a uma figura masculina.
A metodologia utilizada para escrever esse artigo será o apoio nas bibliografias de Saffioti e Kergoat e Hirata, em suas teorizações sobre relações sociais de sexo, divisão sexual do trabalho, o conceito de gênero e o conceito de patriarcado, que utilizo para analisar meus achados de pesquisa e os elementos das entrevistas que realizei entre 2015 e 2019.
Para além do chamado teto de vidro, as mulheres encontram muito mais obstáculos do que os homens em construir carreiras e percursos profissionais, até para permanecerem no emprego, em função de relações de gênero e discriminações pelo fato de serem mulheres. Todavia, não são apenas as mulheres que são afetadas por tal discriminação: os homens também se veem obrigados a seguirem determinados comportamentos que colocam sua saúde em risco, para corresponderem ao papel social que lhes cabe.
Assim, pretendo oferecer elementos teóricos que subsidiem outras pesquisas, outras observações das relações sociais de sexo e a imposição de papéis sociais generificados, assim como apoiar dessa perspectiva outras investigações no campo da alimentação e das relações de gênero.
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