A inserção indígena nos museus

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2448-1750.revmae.2018.144272

Palavras-chave:

Curadoria Compartilhada, Museus, Indígenas, Imagem, Repatriação.

Resumo

Este trabalho se reporta a algumas ações de curadoria compartilhada dentro de museus, examinando mudanças institucionais, discursivas e pragmáticas que vêm se dando, a partir principalmente dos debates pós-modernos e pós-coloniais em torno da imagem indígena tal como fora produzida/representada por meio das coleções museológicas de um período de “construção nacional”. Se a partir do século XVI as coleções foram formadas na chave do exótico, que por sua vez confirma o paradigma evolucionista e civilizatório, a atuação dos índios nas instituições de guarda problematiza a apropriação ocidental da imagem acionada pelos artefatos, inclusive naqueles reunidos pelos próprios indígenas para formar as coleções de seus museus. Em outro viés, complementar, a internet aparece como um meio para a reapropriação ou repatriação imagética, como mostra o site Roots2Share.

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Biografia do Autor

  • Mariane Aparecida do Nascimento Vieira, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS/UFRJ).

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Publicado

2018-10-09

Edição

Seção

Estudos museológicos

Como Citar

A inserção indígena nos museus. (2018). Revista Do Museu De Arqueologia E Etnologia, 30, 118-130. https://doi.org/10.11606/issn.2448-1750.revmae.2018.144272