Editorial Sankofa nº 8

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Resumo

O oitavo número da Sankofa traz um Dossiê Especial resultado do II Seminário Sankofa – Descolonização e Racismo: atualidade e crítica; ocorrido nos dias 21 e 22 de novembro de 2011, no Anfiteatro Fernand Braudel, do Departamento de História da FFLCH-USP. Neste evento, o esforço dos pesquisadores do NEACP (Núcleo de Estudos de África, Colonialidade e Cultura Política) e seus convidados foi o de apresentar análises e reflexões a respeito dos processos de colonização e do neocolonialismo em África e América Latina, seus conceitos fundadores, sua continuidade no tempo através dos mecanismos de exploração do capitalismo e da ideologia racista. Também buscou destacar as lutas dos movimentos sociais, negros e latino-americanos, das lideranças e dos intelectuais que, ao longo do século XX, procuraram desconstruir, resistir, educar e enfrentar a opressão em diferentes locais da África e diáspora. Os primeiros textos deste número trazem, portanto, as comunicações apresentadas ali, na sua ordem original. O primeiro dia, centrado no tema Conceitos em Debate, foi aberto com a reflexão de Wilson do Nascimento Barbosa, Neocolonialismo: um conceito atual? Nela, o professor historiciza o colonialismo europeu, sua expansão e continuidade ideológica nas práticas racistas no Brasil. Em seguida, a comunicação de Ana Mónica H. Lopes (UFAL), Neocolonialismo em África trouxe uma análise da ação colonialista e neocolonialista em África, tendo como foco a atividade dos “agentes internos” africanos também responsáveis pela exploração capitalista naquele continente. Rodrigo Bonciani, por sua vez, discutiu Colonização e Diáspora a partir das fontes sobre a história da colonização na América Portuguesa e em África. Estas análises fecharam o primeiro dia do Seminário, marcadas pelo debate sobre os conceitos e aplicabilidade dos mesmos nas pesquisas atuais. O segundo dia iniciou-se com a temática Pensamento e Militância, em diferentes comunicações. A primeira de Sebastião Vargas (UFRN), Descolonização e Racismo: o ponto de vista zapatista identifica na luta dos povos “ameríndios” e do movimento zapatista mexicano aqueles elementos de busca de emancipação política e pelo fim da violência estrutural. Após, Eduardo Januário fez uma rememoração analítica em Abdias do Nascimento: aspectos históricos de um militante negro, sobre a trajetória política e intelectual deste militante, e sua importância para o movimento negro brasileiro. Thiago Sapede, em seguida, apresentou Racismo e dominação psíquica em Frantz Fanon, discutindo suas ideias sobre a esfera psicológica da dominação colonial. Maria Rosa Dória Ribeiro fechou a mesa e este Dossiê com o tema Gênero e Colonialidade debatendo as relações entre os conceitos e a práxis do movimento feminista. As reflexões surgidas a partir dos dois dias de comunicação e debate puderam esclarecer o uso dos conceitos em discussão e as experiências históricas que seriam sua base de fundamento. Ainda compõe este oitavo número textos gerais e resenha. Entre os artigos A questão negra no mundo moderno de Nkolo Foé; Pensar Deus em África de João Ferreira Dias; Metrópole, colônia e suas relações explosivas: da Revolução dos Cravos em Portugal à Independência de Angola em Zero Hora e Correio do Povo de Mauro Luiz Barbosa Marques, e, Revolta da Vacina “made in Africa”: Moçâmedes – 1897 de José Bento Rosa da Silva. A resenha de Márcio Macedo intitulada Malcolm X: Uma Vida de Reinvenções discute o livro de Manning Marable, Malcolm X: A Life of Reinventions, lançado em 2011. O conjunto apresentado, Dossiê Especial e Artigos Gerais, expressa a proposta da Revista Sankofa: divulgação das pesquisas e reflexões originais sobre a história africana e da diáspora, tendo em vista as lutas pela igualdade de direitos e contra o racismo no mundo. Marcaram de modo especial durante os debates do II Seminário, os esforços em diferentes locais para alcançar esses objetivos. Em todos os espaços e em diferentes territórios quer-se o “respeito”, o reconhecimento do direito de existir em sua cultura e o fim da exploração capitalista que alimenta os conflitos por terra, trabalho e direitos de igualdade. As dificuldades em se discutir tais temas na academia (universidades e espaços acadêmicos) demonstraria uma “resistência” de parte da intelectualidade, brasileira em especial, em enfrentar as consequências políticas de suas escolhas teórico-metodológicas e incluir a questão étnico-racial como parte das análises sobre as realidades sócio-políticas e econômicas. Aproveita-se para agradecer a participação dos convidados e público no II Seminário e dos autores que enviaram seus textos. Também aos leitores e colaboradores da Revista. Especialmente aos membros do NEPHE-USP (Núcleo de Economia Política e História Econômica) que auxiliaram na logística do evento, na sua divulgação e promoção. Nosso agradecimento aos companheiros de tantas lutas e realizações.

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Publicado

2011-12-06

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Editorial