“O branco não tem panela para nos cozer”: eco popular dos movimentos pan-fricano e nacionalista no sul de Moçambique

Autores

  • Jacimara Souza Santana Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1983-6023.sank.2013.88913

Palavras-chave:

Nacionalismo, Pan-Africanismo, População, Moçambique

Resumo

O racismo e a desigualdade social experimentados por povos negros na África e diáspora suscitaram a emergência de um movimento pan-africanista. Nesse sentido, suas orientações filosóficas contribuíram no desencadeamento de processos de libertação nacional em diferentes países africanos entre os anos 50 e 70. Por isso, intelectuais daquele continente desempenharam um papel significativo nesses movimentos. Enquanto pensadores e ativistas políticos demonstraram ser indissociável o ser acadêmico do militante, o ser científico do político e o ser objetivo do subjetivo. Em termos da África Austral, intelectuais como Július Nyerere e Eduardo Chivambo Mondlane entraram para a história. Tais intelectuais foram exemplos daquela combinação, cujo empenho não se deve exclusivamente às influências estrangeiras, mas também às experiências pessoais de anônimos na história, provavelmente vitais para o processo de construção destas lideranças. Estes intelectuais políticos foram, por vezes, o eco de experiências das suas comunidades de origem. Em uma relação recíproca de inspiração e conivência, atores e atrizes destas comunidades atuaram enquanto coparticipantes nos processos de transformação, de modo coletivo ou individual. Pessoas que, apesar de não terem “alisado o banco da ciência”, demonstraram-se donas de uma sabedoria propiciadora de uma visão simples e profunda da vida, capaz de despertar a tomada de consciência e o encorajamento de outros no processo de transformação de uma dada realidade social. De modo que, alguns intelectuais foram e outros continuam sendo porta-vozes contemporâneos destas experiências e saberes. Neste artigo, ao invés de acompanhar a trajetória de um destes intelectuais, observando sua interação com a comunidade, demonstro expressões populares de pan-africanismo e nacionalismo no sul de Moçambique. Tais expressões, que ora superaram o status de uma reprodução do discurso dos intelectuais ora não, julgo terem contribuído com o processo de conscientização e manutenção da esperança de vitória sobre o colonialismo.

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Biografia do Autor

  • Jacimara Souza Santana, Universidade Estadual de Campinas
    Bolsista CAPES-Processo nº 5767-113/2012. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) S.P. Brasil. Este texto foi apresentado na IIª Conferência Internacional, “Os Intelectuais africanos face aos desafios do século XXI” Em Memória a Ruth First (1925-1982) a realizar-se em Maputo-Moçambique. Complexo Pedagógico da UEM entre os dias 28 a 29 de novembro de 2012.

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Publicado

2013-08-06

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

“O branco não tem panela para nos cozer”: eco popular dos movimentos pan-fricano e nacionalista no sul de Moçambique. (2013). Sankofa (São Paulo), 6(11), 96-114. https://doi.org/10.11606/issn.1983-6023.sank.2013.88913