De Francisca a Chiquinha: o pioneirismo insuspeito de Chiquinha Gonzaga

Autores

  • Rafael do Nascimento Cesar Universidade Estadual de Campinas. Departamento de Antropologia

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2018.114894

Palavras-chave:

Chiquinha Gonzaga, Biografia, Sociologia da cultura, Gênero

Resumo

Este artigo toma a trajetória da compositora brasileira Chiquinha Gonzaga (1847-1935) com o objetivo de analisar o processo de construção social de seu renome a partir das inflexões de gênero presentes no campo da produção cultural carioca nas primeiras décadas do século XX. A tentativa de circunscrever a rede de relações sociais na qual ela se inseria – dando especial atenção à constituição de seu arquivo pessoal e à confecção de sua primeira biografia pela folclorista Mariza Lira (1899-1971) – é amparada por uma perspectiva socioantropológica que vê na história de vida da compositora o resultado de um projeto coletivo no qual interesses diversos são negociados e materializados em uma narrativa específica. Nesse sentido, tanto o nome Chiquinha Gonzaga quanto seu adjetivo “pioneira” podem ser repensados à luz dessa complexa dinâmica.

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Biografia do Autor

  • Rafael do Nascimento Cesar, Universidade Estadual de Campinas. Departamento de Antropologia

    Doutorando em antropologia social na UNICAMP. 

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Publicado

2018-04-26

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Cesar, R. do N. (2018). De Francisca a Chiquinha: o pioneirismo insuspeito de Chiquinha Gonzaga. Tempo Social, 30(1), 305-324. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2018.114894