Elites Acadêmicas: as Ciências Sociais na Academia Brasileira de Ciências

Autores

  • Ana Paula Hey Universidade de São Paulo. Departamento de Sociologia
  • Lidiane Soares Rodrigues Universidade Federal de São Carlos. Departamento de Ciências Sociais

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2017.125964

Palavras-chave:

Elites acadêmicas, Academia Brasileira de Ciências, Ciências sociais no Brasil, Campo científico

Resumo

O objetivo do artigo consiste em evidenciar certo padrão de carreira científica dos 30 membros da seção de Ciências Sociais da centenária Academia Brasileira de Ciências. Criada em 2000, a área é composta por Antropologia, Demografia, Ciência Política, Economia, Geografia, História, Relações Internacionais e Sociologia, disciplinas que materializam hierarquias e diferenciações. Os Acadêmicos são caracterizados por uma série de elementos: origem geográfica, gênero, idade e formação científica. Evidencia-se que os percursos de formação do capital científico e de notoriedade mesclam-se ao da construção das instituições e dos suportes que viabilizaram a institucionalização destas ciências entre os anos 1960 e 1980. As elites acadêmicas ora construídas evidenciam um modo de consagração que tem como princípio a condução do reconhecimento seletivo dos pares. Essa ação simbólica revela os traços das condições sociais de possibilidade da vida acadêmica no país.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Ana Paula Hey, Universidade de São Paulo. Departamento de Sociologia

    Professora no Departamento de Sociologia e no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da USP. 

  • Lidiane Soares Rodrigues, Universidade Federal de São Carlos. Departamento de Ciências Sociais

    Professora de História no Departamento de Ciências Sociais da UFSCAR. 

Referências

Abbot, A. (2001), Chaos of disciplines. Chicago, Chicago University Press.

Ali, S. et al. (2007), “Elite scientists and the global brain drain”. Work Paper by University of Warwick, uk.

Arruda, M. A. N. (1995), “A Sociologia no Brasil: Florestan Fernandes e a ‘escola paulista’”. In: Miceli, Sérgio (org.). História das ciências sociais no Brasil. São Paulo, Sumaré, vol. 2, pp. 107-231.

______. (2001), “A modernidade possível: cientistas e ciências sociais em Minas Gerais”. In. Miceli, Sérgio (org.). História das ciências sociais no Brasil. São Paulo, Sumaré, vol. 1, pp. 234-315.

Bailey, F. G. (1992), “Anthropology”. In: Clark, R. B. & Neave, G. (orgs.). The Encyclopedia of higher education. Oxford, Pergamon, vol. 3: Analytical Perspectives, pp. 1777-1787.

Bastos, E. R. et al. (2006), Conversas com sociólogos brasileiros. São Paulo, Editora 34.

Ben-David, J. & Collins, R. (1966), “Social factors in the origins of a new science: the case of psychology”. American Sociological Review, 31 (4): 451-465.

Bourdieu, P. (1984), Homo academicus. Paris, Minuit. Brasil. cnpq. (2014), Indicadores de Pesquisa segundo as grandes áreas de conhecimento. Disponível em http://www.cnpq.br/web/guest/indicadores1, consultado em 6/2014.

Buhlman, F. et al. (2015), “Internationalisation des élites académiques suisses au xxe siècle: convergences et contrastes”. Cahiers de la Recherche sur l’Education et les Savoirs, 14: 119-139.

Busino, G. (1992), Élites et élitisme. Paris, puf.

Campos, D. de A. (2011), “Depoimento sobre a Academia Brasileira de Ciências”. Rio de Janeiro (não publicado).

Cariello, R. (2014), “Ricardo Paes de Barros: o liberal contra a miséria”. Mercado Popular. Economia livre e justiça social, 23 set. Disponível em http://mercadopopular.org/2014/09/ricardo-paes-de-barros-o-liberal-contra-a-miseria/.

cpdoc/fgv (2010), Cientistas sociais de países de língua portuguesa: histórias de vida. Rio de Janeiro, cpdoc/fgv; lau/ifcs/ufrj; Iscte/iul. Disponível em http://cpdoc.fgv.br/cientistassociais/, consultado em 30/6/2014.

Cunha, L. A. (2007), A universidade reformanda: o golpe de 1964 e a modernização do ensino superior. 2 ed. São Paulo, Editora da Unesp.

Elias, N. (1982), “Scientific establishments”. In: Elias, N.; Martins, E. & Whitley, R. (orgs.). Scientific establishments and hierarquies. Dordrecht, D. Rieder, pp. 107-160.

Garcia, S. G. (2002), Destino ímpar: sobre a formação de Florestan Fernandes. São Paulo, Editora 34.

Guimarães, N. A. (2014), “Entrevista concedida a José Ricardo Ramalho e Adalberto Cardoso”. Revista Latino-Americana de Estudos do Trabalho, 19 (32): 213-232.

Haag, C. (dez. 2009), “Manuela Carneiro da Cunha: antropóloga militante”. Revista Pesquisa Fapesp, 166.

Hay, C. (1982), “Advice from a scientific stablishment”. In: Elias, N.; Martins, E. & Whitley, R. (orgs.). Scientific establishments and hierarquies. Dordrecht, D. Rieder, pp. 111-119.

Heilbron, J. & Gingras, Y. (2016), “La résilience des disciplines”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 210: 4-9.

______ & Bokobza, A. (2016), “Transgresser les frontières en sciences humaines et sociales en France”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 210: 108-121.

Hey, A. P. (2014a), “A Academia Brasileira de Ciências na gênese do campo científico”. Relatório de pesquisa, Fapesp.

______. (2014b), “As ciências sociais na Academia Brasileira de Ciências: uma elite minoritária”. Anais do 38° Encontro Anual da Anpocs, Caxambu/sp.

______. (2008), Esboço de uma sociologia do campo acadêmico. São Carlos/São Paulo: Edufscar, Fapesp.

______. (2012), “Elites científicas: o caso da Academia Brasileira de Ciências”. Anais do 36° Encontro Anual da Anpocs. Águas de São Pedro/sp.

______. (2005), “Les débats sur l’enseignement supérieur: disputes académiques ou querelles politiques”. Cahiers du Brésil Contemporain, 57-60: 283-302.

______. (2017), “Les élites des sciences sociales au Brésil: les ruses entre les usages du pouvoir académique et les rapports avec l’État”. Annalles du 17e Congrès de l’Académie Française de Sociologie. Amiens, France, 3-6 juillet.

Jackson, L. C. (2003), Representações do mundo rural brasileiro: dos precursores à sociologia da usp. São Paulo, tese de doutorado em sociologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da usp.

Keinert, F. C. (2011), Cientistas sociais entre ciência e política (Brasil, 1968-1985). São Paulo, tese de doutorado em sociologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da usp.

Loureiro, M. R. (2006), “A participação dos economistas no governo”. Análise, 17: 345-359. Maio, M. C. (out. 1999), “O Projeto Unesco e a agenda das ciências sociais no Brasil dos anos 40 e 50”, Revista Brasileira de Ciências Sociais, 41 (14).

Merton, Robert K. ([1938] 2001), Science, technology and society in seventeenth-century England. Nova York, Howard Fertig, Miceli, S. (1990), A desilusão americana: relações acadêmicas entre Brasil e Estados Unidos. São Paulo, Sumaré.

______. (1993), A Fundação Ford no Brasil. São Paulo, Sumaré.

______. (1995), “O cenário institucional das ciências sociais no Brasil”. In. ______ (org.).

História das ciências sociais no Brasil. São Paulo, Sumaré, vol. 2, pp. 7-24.

______ (org.). (2001), História das ciências sociais no Brasil, vol. 1. São Paulo, Sumaré.

______. (2001), Intelectuais à brasileira. São Paulo, Companhia das Letras.

Montero, P. & Moura, F. (orgs.). (2009), Retrato de grupo: 40 anos do Cebrap. São Paulo, Cosac Naify.

Moraes, J. G. et al. (2000), Conversas com historiadores brasileiros. São Paulo, Editora 34.

Morse, R. (1990), A volta de McLuhanaíma: cinco estudos solenes e uma brincadeira séria. São Paulo, Companhia das Letras.

Ortiz, R. (jul. 1990), “Notas sobre as ciências sociais no Brasil”. Novos Estudos, São Paulo, 27: 163-175.

Pinheiro, P. S. (2009), “Entrevista”. Revista de História. Disponível em http://www.revistadehistoria.com.br/secao/entrevista/paulo-sergio-pinheiro, consultado em dez. 2014.

Pontes, H. (1998), Destinos mistos: os críticos do grupo Clima em São Paulo (1940-1968). São Paulo: Companhia das Letras.

Prud’homme, J. & Gingras, Y. (dec. 2016), “Les collaborations interdisciplinaires: raisons et obstacles”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 210: 40-49.

Rabelo, F. L. (2011), “O Dasp e o combate à ineficiência nos serviços públicos: a atuação de uma elite técnica na formação do funcionalismo público no Estado Novo (1937-1945)”.

Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, 3 (6): 132-142.

Ramalho, J. R. & Rodrigues, I. J. (2010). “Sociologia do trabalho no Brasil: entrevista com Leôncio Martins Rodrigues”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 25 (72): 133-179. Disponível em https://dx.doi.org/10.1590/S0102-69092010000100010.

Renisio, Y. (dec. 2016) “L’origine sociale des disciplines”, Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 210: 10-27.

Rodrigues, L. S. (2011), “A produção social do marxismo universitário”. São Paulo, tese de doutorado em História, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da usp.

______. (2016), “Leitores e leituras acadêmicas de Karl Marx (São Paulo, 1958-1964)”. Intelligere. Revista de História Intelectual, 2 (1): 34-53.

Romão, W. R. (2006), A experiência do Cesit: sociologia e política acadêmica nos anos 1960. São Paulo, Humanitas.

Shinn, T. & Ragouet, P. (2008), Controvérsias sobre a ciência. São Paulo, Editora 34.

Velho, G. (1992), Memorial para o concurso de Professor Titular de Antropologia Social. Departamento de Antropologia do Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Wehling, A. (1999), Estado, história, memória: Varnhagen e a construção da identidade nacional. Rio de Janeiro, Nova Fronteira.

Zuckerman, H. (1977), Scientific Elite: Nobel Laureates in the United States. Nova York, The Free Press.

Downloads

Publicado

2017-12-12

Edição

Seção

Dossiê - Elites

Como Citar

Hey, A. P., & Rodrigues, L. S. (2017). Elites Acadêmicas: as Ciências Sociais na Academia Brasileira de Ciências. Tempo Social, 29(3), 9-33. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2017.125964