“Agora sei o que você faz, você conta histórias!”: notas etnográficas sobre um Diário de Campo Visual Público, alteridade, colonialidade e posicionalidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v31i2pe191365

Palavras-chave:

alteridade, etnografia, colonialidade, Antropologia Pública

Resumo

Em 2019 surgiu a ideia de realizar um "Diário de Campo Visual Público". O objetivo inicial era abrir uma conta em uma rede social de compartilhamento de fotografias (Instagram – perfil @diariodecampovisual) e todos os dias postar uma fotografia. Em campo realizado no primeiro semestre de 2019, em Canto do Buriti – PI, sobre curso de vida, foram produzidas e compartilhadas 90 fotografias em 90 dias. Algumas pessoas passaram a acompanhar as fotografias na rede social, como professoras, moradoras da cidade, familiares, alunas, pesquisadoras, meios de comunicação e políticos. Novas perguntas emergiram além da intenção inicial de "compartilhar" ou "devolver" fotografias, mas de torná-las "públicas" em conjunto com a temporalidade da pesquisa com reflexões ainda iniciais sobre o campo, as parentes-interlocutoras e a antropologia num sentido amplo do termo. Esse artigo se propõe a fazer uma reflexão do artesanal processo de realizar um "Diário de Campo Visual Público" na internet e seus dilemas, controvérsias, benesses, limites e potencialidades.

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Biografia do Autor

  • Ana Clara Damásio, Universidade de Brasília

    Doutoranda em Antropologia pela Universidade de Brasília e mestra em Antropologia Social pela Universidade Federal de Goiás.

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Publicado

2022-12-29

Edição

Seção

Artigos e Ensaios

Como Citar

Damásio, A. C. (2022). “Agora sei o que você faz, você conta histórias!”: notas etnográficas sobre um Diário de Campo Visual Público, alteridade, colonialidade e posicionalidade. Cadernos De Campo (São Paulo - 1991), 31(2), e191365. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v31i2pe191365