“A Balada do Falso Messias” de Moacyr Scliar: Um Passeio pelos Porões do Judaísmo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-8051.cllh.2017.142459Resumo
Algumas obras de Moacyr Scliar poderiam, propriamente, ser agrupadas sob a denominação “passeios pelos porões do judaísmo”. São textos em que o autor revisita episódios da história judaica que não são motivos de orgulho para o povo judeu, trazendo-os para a atualidade em forma de paródia.
É o caso do conto “A Balada do Falso Messias”. Sua inspiração remonta ao fato histórico ocorrido na Palestina do século XVII protagonizado por Shabtai Zvi, proclamado Messias por seu “profeta” Natan de Gaza. Após empolgar comunidades judaicas de todo o mundo (inclusive Polônia e Holanda), Shabtai, colocado pelo sultão do Império Otomano ante à alternativa de decapitação, converteu-se ao Islã, para grande decepção de seus seguidores. Na verdade, um pequeno grupo destes manteve-se fiel, acreditando que a conversão fazia parte do plano de implementação da era messiânica.
Na versão de Scliar, Zvi e Natan, ainda vivos depois de mais de dois séculos, acompanham, em 1906, judeus russos a caminho das colônias agrícolas criadas pelo Barão Hirsch (que no conto passa a ser Barão Franck). A trajetória do “falso Messias” é recontada em meio a várias alusões a outros tantos episódios da história judaica e da vida de Jesus.
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