Vivências subjetivas de profissionais que realizam Vigilância em Saúde do Trabalhador

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2023.192730

Palavras-chave:

Vigilância em Saúde do Trabalhador, Sofrimento, Precarização

Resumo

Este artigo objetiva compreender a mobilização subjetiva que surge na atividade de trabalho de profissionais que realizam Vigilância em Saúde do Trabalhador (Visat). Participaram deste estudo cinco trabalhadores, de ambos os sexos, de um Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) da capital de um estado do Nordeste do Brasil, os quais foram entrevistados nos meses de janeiro e fevereiro de 2020. Os materiais produzidos foram analisados à luz da Psicodinâmica do Trabalho. Os resultados mostram que sua fonte de sofrimento está ligada ao que é vivido pelos trabalhadores das empresas que passam por Visat, cujos problemas relacionados à precarização muitas vezes ficam sem solução. Ao lado disso, aqueles que fazem Visat também se percebem muitas vezes precarizados em seus salários, vínculos e condições de trabalho. Finalmente, a falta de estrutura e investimento em saúde do trabalhador, assim como a legislação, em especial a municipal, deixa-os com grandes dificuldades de realizar o seu trabalho.

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Publicado

2023-12-18

Edição

Seção

Dossiê - Precarização do trabalho e fragilização da vida

Como Citar

Vivências subjetivas de profissionais que realizam Vigilância em Saúde do Trabalhador. (2023). Cadernos De Psicologia Social Do Trabalho, 26, e-192730. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2023.192730