A patologização do jovem autor de ato infracional e a emergência de "novos" manicômios judiciários
DOI:
https://doi.org/10.7322/jhgd.19944Palavras-chave:
periculosidade, adolescente autor de ato infracional, transtorno de personalidade anti-social, criminalidade juvenilResumo
Este texto aborda os crescentes processos de psiquiatrização dirigidos a jovens autores de ato infracional, especialmente no estado de São Paulo, que culminam com a construção de uma Unidade Experimental de Saúde, num convênio entre as Secretarias da Saúde, Justiça e Administração Penitenciária, destinada a oferecer atendimento para autores de ato infracional portadores de diagnóstico de transtorno de personalidade e/ou de periculosidade, durante o cumprimento de medida sócio-educativa de internação em regime de contenção. Analisam-se algumas das linhas de força que derivam nessa construção, em particular a renovada utilização da noção de periculosidade que passa a adquirir conotações que facilitam a extensão e difusão do seu uso, cada vez mais subordinado às exigências de "defesa social". Sinaliza-se como essa composição do ato infracional com o transtorno mental vem construindo argumentos tanto para modificações no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) quanto para a produção de práticas dirigidas ao autor de ato infracional que são frontalmente contrárias aos paradigmas do ECA e às da atual política nacional em Saúde Mental. Finalmente, o texto propõe, na perspectiva da Reforma em Saúde Mental, algumas possibilidades de um pensar e agir diferentemente, problematizando as diretrizes terapêuticas atreladas a uma lógica individualista, sugerindo a necessidade de ampliar o olhar e a ação para a complexa e muitas vezes restrita trama na qual esses jovens se inserem socialmente, apostando no exercício clínico na sua dimensão ética e não como lugar de controle, tutela ou disciplinarização da vida.Downloads
Referências
Vicentin MCG. A vida em rebelião. Jovens em conflito com a lei. São Paulo: Hucitec, 2005a.
Vicentin MCG. A questão da responsabilidade penal juvenil: notas para uma perspectiva ético-política. In: ABMP; Ilanud, Secretaria Especial de Direitos Humanos (Orgs.). Justiça, Adolescente e Ato infracional: sócio educação e responsabilização. São Paulo: Ilanud,2006.
Vicentin MCG. “Interfaces psi-jurídicas: a psiquiatrização do adolescente em conflito com a lei”. Relatório final de pesquisa. Comissão de Ensino e Pesquisa, PUC/SP, 2005.
Vicentin MCG, Rosa MD. Transtorno mental e criminalidade na adolescência: notas para uma análise crítica da patologização do adolescente autor de ato infracional. Rev Bras Ciências Criminais. 2009;17(78):320-347.
Bentes ALS. Tudo como dantes no quartel d’Abrantes: estudo das internações psiquiátricas de crianças e adolescentes através de encaminhamento judicial. Dissertação (Mestrado) – Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Osvaldo Cruz, Rio de Janeiro, 1999.
Joia, J. A interface psi-jurídica: estudo dinternações de adolescentes por determinação judicial no Hospital Psiquiátrico Pinel. Relatório final de pesquisa de Iniciação Científica. CEPE/PUC/SP, 2006.
Frasseto F. A Unidade Experimental de Saúde – mais um triste capítulo da história paulista no tratamento de jovens infratores. São Paulo: Mimeo, 2008.
Foucault M. Microfísica do poder. 7ª ed. Trad. e org. Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
Scisleski ACC, Maraschin C, Silva RNA. Manicômio em circuito: os percursos dos jovens e a internação psiquiátrica. Cadernos de Saúde Pública. 2008;24(2):342-352.
Guemureman S, Daroqui A. La ninêza justiciada. Buenos Aires, Ed. Del Puerto: 2001.
Sarti CA. A saúde mental na ‘nova Febem’. Projeto Quixote. Relatório interno de trabalho apresentado à Febem. São Paulo: Departamento de Psiquiatria da Unifesp; 2000.
Leonardis O. Estatuto y figuras de lapeligrosidad social. Entre psiquiatríar e formada y sistema penal: notas sociológicas. Rev Ciencias Penales. 1998;(4): 429-449.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental. Brasília: 2005.
Basaglia F. Escritos selecionados em saúde mental e reforma psiquiátrica. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.
Pitch T. Responsabilidades limitadas. Actores, conflictos y justicia penal. Buenos Aires, Ad Hoc, 2003.
Zaffaroni ER. Criminología: Aproximación desde un margen. Bogotá: Temis, 2003.
GramkowG, Vicentin MCG. Política de Saúde Mental para a juventude: o direito à saúde? (Paper para CONPSI, 2009.
Kolker T. Instituições totais no século XXI. In: Menegat M, Neri R. (Orgs.).Criminologia e Subjetividade. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2005; p.109-121.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
CODE OF CONDUCT FOR JOURNAL PUBLISHERS
Publishers who are Committee on Publication Ethics members and who support COPE membership for journal editors should:
- Follow this code, and encourage the editors they work with to follow the COPE Code of Conduct for Journal Edi- tors (http://publicationethics.org/files/u2/New_Code.pdf)
- Ensure the editors and journals they work with are aware of what their membership of COPE provides and en- tails
- Provide reasonable practical support to editors so that they can follow the COPE Code of Conduct for Journal Editors (http://publicationethics.org/files/u2/New_Code.pdf_)
Publishers should:
- Define the relationship between publisher, editor and other parties in a contract
- Respect privacy (for example, for research participants, for authors, for peer reviewers)
- Protect intellectual property and copyright
- Foster editorial independence
Publishers should work with journal editors to:
- Set journal policies appropriately and aim to meet those policies, particularly with respect to:
– Editorial independence
– Research ethics, including confidentiality, consent, and the special requirements for human and animal research
– Authorship
– Transparency and integrity (for example, conflicts of interest, research funding, reporting standards
– Peer review and the role of the editorial team beyond that of the journal editor
– Appeals and complaints
- Communicate journal policies (for example, to authors, readers, peer reviewers)
- Review journal policies periodically, particularly with respect to new recommendations from the COPE
- Code of Conduct for Editors and the COPE Best Practice Guidelines
- Maintain the integrity of the academic record
- Assist the parties (for example, institutions, grant funders, governing bodies) responsible for the investigation of suspected research and publication misconduct and, where possible, facilitate in the resolution of these cases
- Publish corrections, clarifications, and retractions
- Publish content on a timely basis