Animais e direitos: as fronteiras do humanismo e do sujeito em questão
DOI:
https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2021.186658Palavras-chave:
Humanismo, direito dos animais, sociologia e antropologia da moral, relações humano-animalResumo
Através de diferentes áreas e percursos teóricos, alguns autores vinculados às Ciências Sociais refletem sobre as divisões que caracterizam a modernidade, tais como natureza e cultura, humano e não humano e humanidade e animalidade. Em diálogo com as reflexões promovidas por esses autores, a Antropologia brasileira conformou um novo campo de estudos intitulado “relações humano-animal”. A partir desse conjunto de discussões, o objetivo do artigo é analisar a mobilização dos defensores dos animais, perguntando sobre como o questionamento do exclusivismo humano acionado por esses atores ganha a forma de um projeto político. Para tanto, analisei o conteúdo de textos e palestras dos defensores que reivindicam a igualdade moral e jurídica entre humanos e animais. E foi possível observar que esses atores acionam os princípios do humanismo que sacralizam a vida humana para fazer dos animais seres implicados com a justiça e a moral.
Downloads
Referências
AZIZE, Rogerio Lopes. 2011. “O cérebro como órgão pessoal: uma antropologia de dis-cursos neurocientíficos”. Trabalho, Educação e Saúde, v. 8 n. 3: 563-574. https://doi.org/10.1590/S1981-77462010000300014
BEVILAQUA, Ciméa Barbato. 2011. “Chimpanzés em juízo: pessoas, coisas e diferen-ças”. Horizontes Antropológicos, ano 17, n. 35: 65-102. https://doi.org/10.1590/S0104-71832011000100003
DESCOLA, Philippe. 2010. “À Chacun ses animaux”. In: BIRNBAUM, Jean. (dir.). Qui sont les animaux, Paris, Éditions Gallimard, pp.164-181.
DESCOLA, Philippe. 2002. “L’anthropologie de la nature”. Annales. Histoire, Sciences Sociales, 57: 9-25. https://doi.org/10.3406/ahess.2002.280024
DESCOLA, Philippe. 1998. “Estrutura ou Sentimento: A relação com o animal na Amazô-nia”. Mana: Estudos de Antropologia Social, v. 4, n. 1: 23-45. https://doi.org/10.1590/S0104-93131998000100002
DOUZINAS, Costas. 2009. O fim dos direitos humanos. São Leopoldo: Unisinos.
DUMONT, Louis. 2008. Homo Hierachicus. São Paulo: Edusp.
DURKHEIM, Émile. 1970. Sociologia e Filosofia. Rio de Janeiro: Editora Forense-Universitária.
FELIPE, Sonia. 2009a. Fundamentação ética dos direitos animais. Agência de Notícias de Direitos Animais. Disponível em: https://www.anda.jor.br/2009/02/fundamentacao-etica-dos-direitos-animais/. Acesso em 29 de junho de 2012.
FELIPE, Sonia. 2009b. “Por que os direitos nos obrigam?” Agência de Notícias de Direi-tos Animais. Disponível em: <http://www.anda.jor.br/20/03/2009/por-que-os-direitos-nos-obrigam >. Acesso em 30 de outubro de 2011.
FELIPE, Sonia. 2006. Fundamentação ética dos direitos animais. O legado de Humphry Primatt. Revista Brasileira de Direito Animal: Evolução, n. 1: 207-230.
FERRY, Luc; VINCENT, Jean-Didier. 2011. O que é o ser humano? Sobre os princípios fundamentais da filosofia e da biologia. Petrópolis: Vozes.
GORDILHO, Heron. 2006. “Espírito animal e o fundamento moral do especismo”. Revista Brasileira de Direito Animal, a. 1. n.1: 37-65. http://dx.doi.org/10.9771/rbda.v1i1.10240
GANE, Nicholas; HARAWAY, Donna. 2010. “Se nós nunca fomos humanos, o que fa-zer?”. Ponto Urbe, n.6. https://doi.org/10.4000/pontourbe.1635
INGOLD, Tim. 2015. Estar Vivo: Ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis: Vozes.
INGOLD, Tim. (org.) 1994a. What is an animal? London: Routledge,
INGOLD, Tim. 1994b. “Humanity and Animality”. In INGOLD, Tim (ed.), Companion Ency-clopedia of Anthropology, London, Routledge: pp.14-32.
INGOLD, Tim. 1990. “An Anthropologist looks at biology”. Man, v. 25, n. 2: 208-229. https://doi.org/10.2307/2804561
JOAS, Hans. 2012. A sacralidade da pessoa. Nova genealogia dos direitos humanos. São Paulo: Editora UNESP.
LATOUR, Bruno. 2012. Reagregando o social: uma introdução à teoria do ator-rede. Trad. Gilson César Cardoso de Sousa. Salvador/Bauru: Edufba/Edusc.
LEVAI, Laerte. 2010. “Íntegra da petição e sentença sobre o uso cruel de cães”. Agência de Notícias de Direitos Animais. Disponível em: https://www.anda.jor.br/2010/08/integra-da-peticao-e-sentenca-sobre-o-uso-cruel-de-caes/. Acesso em 29 de junho de 2012.
LOURENÇO, Daniel Brag; OLIVEIRA, Fábio Corrêa Souza. 2013. “Reduzir animal a meio para propósitos humanos é intolerável”. Consultório Jurídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2013-nov-01/reduzir-animal-meio-propositos-humanos-intoleravel>. Acesso em 10 de janeiro de 2014.
MAUSS, Marcel. 2003. Sociologia e Antropologia. São Paulo, Cosac Naify.
OLIVEIRA, Fábio Corrêa Souza de. 2013. “Especismo religioso. Direitos da natureza e direitos dos animais, um enquadramento”. Revista do Instituto de Direito Brasileiro (RIDB), ano 2, n. 10: 11325-11370.
PERROTA, Ana Paula. 2015. Humanidade estendida: a construção dos animais como sujeitos de direito. Rio de Janeiro, tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
PERROTA, Ana Paula. 2016 . ““Quem” ou o “que” sãos os animais? Um estudo sobre os defensores dos animais (re)definem sua natureza”. Iluminuras, v. 17, n. 42: 17-50.
RUSSO, Jane; PONCIANO, Ednal. 2002. “O sujeito da neurociência: da naturalização do homem ao re-encantamento da natureza”. PHYSIS: Revista de Saúde Coletiva, v. 12, n.2:345-373. https://doi.org/10.1590/S0103-73312002000200009
SARTRE, Jean-Paul. 2013. O existencialismo é um humanismo. Petrópolis: Vozes.
SEGATA, Jean; LEWGOY; Bernardo; VANDER VELDEN, Felipe; BECILAQUA, Ciméa. 2017. “Apresentação Dossiê Antropologia e Animais”. Horizontes Antropológicos, ano 23, n. 48: 9-16. https://doi.org/10.1590/s0104-71832017000200001
SEGATA, Jean; LEWGOY, Bernardo. 2016. “Animals in anthropology”. Vibrant, v. 13, n. 2: 27-37. http://dx.doi.org/10.1590/1809-43412016v13n2p027
SCHAEFFER, Jean-Marie. 2007. La Fin de l’exception humaine. Paris: Éditions Gal-limard.
SERRES, Michel. 2015. Narrativas do humanismo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
SUSSEKIND, Felipe. 2018. “Sobre a vida multiespécie”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 69: 159-178. https://doi.org/10.11606/issn.2316-901x.v0i69p159-178
TRAJANO, Tagore. 2008. “Direito Animal e hermenêutica jurídica da mudança: a inserção da linguagem dos movimentos sociais em um novo significado jurídico”. Revista Brasilei-ro de Direito Animal, ano 3, n. 4: 247-264. http://dx.doi.org/10.9771/rbda.v3i4.10468
TRAJANO, Tagore. 2007. “Direito animal e os paradigmas de Thomas Kuhn: Reforma ou revolução científica na teoria do direito?”. Revista Brasileira de Direito Animal, v. 2, n.3: 239-269. http://dx.doi.org/10.9771/rbda.v2i3.10365
WOLFF, Francis. 2012. Nossa humanidade. De Aristóteles às neurociências. São Paulo: Editora UNESP
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Revista de Antropologia
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam na Revista de Antropologia concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).