Pode o idealismo fazer sentido na geografia física contemporânea? Uma instigação ao debate

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2022.187875

Palabras clave:

Geografia, Filosofia, Consciência, Nature

Resumen

Este artigo analisa se a adoção de uma abordagem idealista ontológica e pluralista para fundamentar a geografia física faz sentido na contemporaneidade. Constata que ela parte da intuição fundamental da consciência, mas pode ser fundamentada igualmente em termos filosóficos. Verifica também que o idealismo não implica necessariamente no solipsismo, reconhecendo uma realidade intersubjetiva, externa à consciência individual, porém ainda assim mental. Constata que nessa realidade se fazem presentes as ideias (informações) que constituem a natureza abordada pelas ciências positivas. Grande parte dessas ideias (informações) e suas relações podem ser descritas por fórmulas matemáticas e modelos diversos, pois se apresentam de forma padronizada. Defende-se que como toda a realidade possui unicamente a substância mental primitiva, a geografia física não é passível de separação da geografia humana por conta de objetos de estudo ontologicamente diferentes. Sob um paradigma idealista ontológico e pluralista a geografia física pode recepcionar elementos como o livre arbítrio e a criatividade enquanto fatores causais na fisiologia e na morfologia das paisagens; a geografia humana e a dinâmica cultural não são mais vistas como anomalias frente ao naturalismo. A unificação entre esses ramos da geografia pode ocorrer no plano teórico sem que se perca os benefícios da abordagem determinista na apreensão das ideias (informações) que se apresentam padronizadas na natureza e sem promover um reducionismo em relação a participação do livre arbítrio e da criatividade na dinâmica das paisagens. Esse idealismo representa também uma alternativa frente a algumas limitações teóricas da Teoria da Complexidade, mas pode com ela dialogar.

Descargas

Los datos de descarga aún no están disponibles.

Biografía del autor/a

  • Rodrigo da Cunha Pacheco, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo

    Doutor em Geografia Física pela USP.

    Professor do Instituto Federal de São Paulo.

Referencias

BERKELEY, G. A treatise concerning the principles of human knowledge. Chicago: The Open Court Publishing Company, 1910.

BEAUREGARD, M.; TRENT, N. L.; SCHWARTZ, G. E. Toward a postmaterialist psychology: theory, research, and applications. New Ideas in Psychology, v. 50, p.21-33, 2018.

BRITANNICA ACADEMIC, s.v. Materialism. Britannica Academic, s.v., 2020. Disponível em: < https://academic-eb-britannica.ez338.periodicos.capes.gov.br/levels/collegiate/article/materialism/108680>. Acesso em: 18 jun. 2021.

BRITO, R. DE F. O mundo interior: ensaio sobre os dados gerais da filosofia do espírito. Brasília: Senado Federal e Conselho Editorial, 2006.

CHALMERS, D. J. Facing up the problem of consciousness. Journal of Consciousness Studies. v.2, n.3, p. 200-219. 1995.

CHALMERS, D. J. The combination problem for panpsychism. In BRÜNTRUP, G.; JASKOLLA, L. (eds.). Panpsychism, Oxford: Oxford University Press, 2016, p. 179-214.

DESCARTES, R. The method, Meditations and Philosophy. New York: Tudor Publishing Co., 1901.

DUDLEY, W. Idealismo alemão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

DUNHAM, J.; GRANT, I. H.; WATSON, S. Idealism: the history of a philosophy. New York: Routledge, 2014.

FOLGER, T. Does the universe exist if We´re not looking? Discover Magazine, 2002. Disponível em: <https://www.discovermagazine.com/the-sciences/does-the-universe-exist-if-were-not-looking>. Acesso em: 15 jun. 2021.

GOMES, R. D.; VITTE, A. C. A geografia física e o objeto complexo: algumas flexibilizações do processual. Geosul. v.26, n. 50, 2010. doi: https://doi.org/10.5007/2177-5230.2010v26n50p8. Acesso em: 25 nov. 2021.

GOMES, R. D.; LEMOS, J. E. DE. A paisagem percebida por um sistema complexo. Revista do Departamento de Geografia, 38, p.1-16. doi: https://doi.org/10.11606/rdg.v38i1.154573. Acesso em: 25 nov. 2021.

GUYER, P.; HORSTMANN, R. Idealism. In: ZALTA, E. N. (ed.). The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Spring 2021 Edition). 2021. Disponível em: <https://plato.stanford.edu/archives/spr2021/entries/idealism/>. Acesso em: 15 jun. 2021.

HAMEROFF, S.; PENROSE, R. Consciousness in the universe: A review of the ‘Orch OR’ theory. Physics of Life Reviews. v.11, n.1, p. 39-78, 2014.

HENRY, R. C. The mental universe. Nature. v. 436, n.29, p. 29, 2005. Disponível em: < https://www.nature.com/articles/436029a.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2021.

HUME, D. Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral. São Paulo: Editora UNESP, 2004.

INKPEN, R. Science, philosophy, and physical geography. New York: Routledge, 2005.

KANT, I. Crítica da razão pura. 2.ed. Petrópolis, RJ: Vozes. Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2013.

KANT, I. Crítica da faculdade do juízo. 3. Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

KASTRUP, B. The universe in consciousness. Journal of Consciousness Studies, v.25, n.5-6, p. 125-155, 2018a. Disponível em: <https://www.ingentaconnect.com/contentone/imp/jcs/2018/00000025/f0020005/art00006>. Acesso em: 24 nov. 2021.

KASTRUP, B. Conflating abstraction with empirical observation: the false mind-matter dichotomy. Constructivist foundations. v.13, n. 3, p. 341-361, 2018b. Disponível em: <http://constructivist.info/13/3/341>. Acesso em: 14 jun. 2021.

LANZA, R.; PAVSIC, M.; BERMAN, B. The grand biocentric design: how life creates reality. Dallas: BenBella Books, Inc., 2020.

MORAES, A. C. R. Geografia: pequena história crítica. São Paulo: Hucitec, 1993.

MOREIRA, R. O pensamento geográfico brasileiro, vol 1: as matrizes clássicas originárias. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2011.

MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2005.

NEVES, C. E. DAS; SODRÉ, M. T. Por um geossistema complexo: articulações teóricas e operacionais apoiadas por núcleos e redes de pesquisa. Revista do Departamento de Geografia, 41(1), 2021. doi: https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2021.169705. Acesso em: 25 nov. 2021.

PODOLSKIY, D.; LANZA, R. On decoherence in quantum gravity. Annalen der physik, v. 528, n. 9-10, p. 663-676, 2016. doi: https://doi.org/10.1002/andp.201600011. Acesso em: 25 nov. 2021.

PLANCK, M. The universe in the light of modern physics. London: George Allen & Unwin ltd., 1931a.

Planck, M. Interviews with great scientists, Part VI. [Entrevista concedida a] J. W. N. Sullivan. The Observer, London, p.17, janeiro, 1931b.

REALE, G.; ANTISERI, D. História da filosofia: do humanismo a Descartes. São Paulo: Paulus, 2004.

RHOADS, B. L.; THORN, C. E. Contemporary philosophical perspectives on physical geography with emphasis on geomorphology. The Geographical Review. v.84, n.1, p. 90-101, 1994.

RHOADS, B. L. Whither physical geography? Annals of the association of American geographers. v. 94, n. 4, p. 748-755, 2004.

SANTOS, F. A.; SOUSA, R. S. A abordagem da teoria da complexidade na ciência geográfica: reflexões teóricas. Revista Clóvis Moura de Humanidades. v.3, n.1, p. 40-56, 2017. Disponível em: < https://revistacm.uespi.br/revista/index.php/revistaccmuespi/article/view/105/54>. Acesso em: 25 nov. 2021.

STOLJAR, D. PHYSICALISM. In: ZALTA, E. N. (ed.). The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Summer 2021 Edition), 2021. Disponível em: <https://plato.stanford.edu/archives/sum2021/entries/physicalism/>. Acesso em: 19 jun. 2021.

VASCONCELLOS, M. J. E. de. Pensamento sistêmico: o novo paradigma da ciência. Campinas, SP: Papirus, 2002.

WIGNER, E. Remarks on the mind-body question. In: J. Heil (ed.). Philosophy of mind: a guide and anthology. New York: Oxford Univesity Press, 2004, p. 866-877.

Publicado

2022-04-26

Número

Sección

Artigos

Cómo citar

Pacheco, R. da C. (2022). Pode o idealismo fazer sentido na geografia física contemporânea? Uma instigação ao debate. Revista Do Departamento De Geografia, 42, e187875 . https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2022.187875