A "affectio societatis" no Direito Romano

Autores

  • Gabriel José Bernardi Costa

Palavras-chave:

Affectio societatis, Animus societatis, Communio, Contrato, Direito Comercial, Direito Romano, Sociedade

Resumo

A affectio societatis não só é tema frequente na literatura jurídica brasileira moderna, como é também recorrente em vários casos levados ao Judiciário. Contudo, pouca atenção é conferida à análise histórico-jurídica do assunto. A expressão affectio societatis e sua ideia subjacente tiveram origem no Direito Romano, no qual os jurisconsultos romanos clássicos se viram frente à necessidade de traçarem um elemento particular ao contrato de sociedade, dando-lhe linhas claras e apartando-o de figuras assemelhadas. Neste trabalho analisa-se a affectio em suas origens, tal qual era compreendida pelos romanos. Para tanto, fez-se uso da exegese dos textos jurídicos romanos, procurando deles inferir o sentido clássico da ideia de affectio societatis. Consequentemente, o tema das interpolações foi enfrentado ao se explorar a bibliografia sobre a matéria. Ao fim, notou-se que a affectio societatis era um elemento usado na caracterização e, mais importante, na diferenciação do contrato romano, atuando como um adendo ao consenso, como uma intenção dirigida a constituir uma sociedade. Era uma noção não apenas diferente, mas também operada pelos romanos de maneira diferente daquilo que se costuma encontrar no ambiente jurídico brasileiro.

Referências

AA.VV. Studi in Onore di Salvatore Riccobono nel XL Anno del suo Insegnamento. vol. 4. Palermo, Ultro et Ultra, 1936.

ARANGIO-RUIZ, Vincenzo. La Società in Diritto Romano. Nápoles, Jovene, 1950.

––––––––––. “Societas re contracta e communio incidens”. In: AA.VV. Studi in Onore di Salvatore Riccobono nel XL Anno del suo Insegnamento. vol. 4. Palermo, Ultro et Ultra, 1936 (pp. 357-395).

ARIAS RAMOS, José. Derecho Romano – II – III – Fuentes de las Obligaciones – Familia – Sucesiones. 6a ed. Madri, Revista de Derecho Privado, 1954.

ARNÒ, Carlo. Il Contrato di Società – Corso di Diritto Romano – Lezioni Raccolte dagli Studenti F. Palieri e G. Berto. Turim, Giappichelli, 1938.

BIANCHINI, Mariagrazia. Studi sulla Societas. Milão, Giuffrè, 1967.

BIONDI, Biondo. Istituzioni di Diritto Romano. 4a ed. Milão, Giuffrè, 1972.

BONA, Ferdinando. “Società universale e società questuaria generale in Diritto Romano”. In: Studia et Documenta Historiae Iuris. vol. 33. 1967 (pp. 366-389).

––––––––––. Studi sulla Società Consensuale in Diritto Romano. Milão, Giuffrè, 1973.

BONFANTE, Pietro.Istituzioni di Diritto Romano. 5a ed. Milão, Vallardi, 1912.

CANCELLI, Filippo. “Società (Diritto Romano)”. In: Novissimo Digesto Italiano. vol. 17. 1970 (pp. 495-516).

CUQ, Édouard. Manuel des Institutions Juridiques des Romains. 2a ed. Paris, Plon, 1928.

D’ORS, Álvaro. Derecho Romano Privado. 10a ed. Pamplona, EUNSA, 2004.

DAUBE, David. “Slightly different”. In: IVRA: Rivista Internazionale di Diritto Romano e Antico 12/81-116. 1962.

__________. “Societas as consensual contract”. Cambridge Law Journal 6. 1936-1938.

DEL CHIARO, Émile. Le Contrat de Société en Droit Privé Romain – Sous la République et au Temps des Jurisconsultes Classiques. Paris, Sirey, 1928.

FUENTESECA, Margarita. “La magna quaestio y otros problemas del contrato de sociedad romano”. In: Dereito: Revista Xurídica da Universidade de Santiago de Compostela 7/35-65. 1998.

GIRARD, Paul-Frédéric. Manuel Élémentaire de Droit Romain. 4a ed. Paris, Arthur Rousseau, 1906.

GUARINO, Antonio. Diritto Privato Romano. 12a ed. Nápoles, Jovene, 2001.

––––––––––. La Società in Diritto Romano. Nápoles, Jovene, 1988.

––––––––––. “Societas consensu contracta”. In: GUARINO, Antonio. La Società in Diritto Romano. Nápoles, Jovene, 1988 (pp. 1-120).

GUARNERI CITATI, Andrea. “Conferimenti e quote sociali in Diritto Romano”. Bulletino dell’Istituto di Diritto Romano – “Vittorio Scialoja” 42/166-194. 1934.

LONGO, Giannetto. Diritto Romano – Contratti Consensuali. Roma, Calzone, 1943.

MOREIRA ALVES, José Carlos. Direito Romano. 6a ed., vol. 2. Rio de Janeiro, Forense, 2002.

PARICIO, Javier. De la Justicia y del Derecho – Escritos Misceláneos Romanísticos. Madri, El Faro, 2002.

––––––––––. “El contrato de sociedad en Derecho Romano”. In: PARICIO, Javier. De la Justicia y del Derecho – Escritos Misceláneos Romanísticos. Madri, El Faro, 2002 (pp. 477-504).

POGGI, Agostino. Il Contratto di Società in Diritto Romano Classico. vol. 1. Turim, Tipografia Sociale Torinese, 1930.

PRINGSHEIM, Fritz. “Animus in Roman Law”. Law Quarterly Review 49/43-60 e 379-412. 1933.

RANDAZZO, Salvo. “The nature of partnership in Roman Law”. Australian Journal Legal History 9/119-129. 2005.

RIBEIRO, Renato. “Aspectos da societas romana”. Revista da Faculdade de Direito – Universidade de São Paulo 101/627-649. São Paulo, 2006.

SALVADORE, Francesco Salvatore. “Affectio societatis”. Rivista de Diritto Civile 3/681-698. 1911.

SCHULZ, Fritz. Classical Roman Law. Aalen, Scientia, 1992.

SZLECHTER, Émile. Le Contrat de Société en Babylonie, en Gréce et à Rome – Étude de Droit Comparé de l’Antiquité. Paris, Sirey, 1947.

TALAMANCA, Mario. La Società – Corso di Lezioni di Diritto Romano. Pádua, CEDAM, 2012.

––––––––––. “Società in generale (Diritto Romano)”. In: Enciclopedia del Diritto. vol. 42. 1991 (pp. 814-860).

THOMAS, Joseph A. C. “Concurrence of actions with actio pro socio”. The Irish Jurist 7/151-160. 1972.

TORRENT, Armando. “Consortium ercto non cito”. Anuario de Historia del Derecho Español 34/479-502. 1964.

VOCI, Pasquale. La Dottrina Romana del Contrato. Milão, Giuffrè, 1946.

VOLTERRA, Edoardo. Istituzioni di Diritto Privato Romano. Roma, Sapienza, 1988.

WATSON, Alan. The Law of Obligations in the Later Roman Republic. Oxford, Clarendon. 1964.

Publicado

2023-04-25