Violências por parceiro íntimo na gestação: prevalências e fatores associados

Autores

  • Ranielle de Paula Silva Universidade Federal do Espírito Santo
  • Franciéle Marabotti Costa Leite Universidade Federal do Espírito Santo

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002103

Palavras-chave:

Gestantes, Violência contra a Mulher, Violência por Parceiro Íntimo, Violência Doméstica, Fatores Socioeconômicos

Resumo

OBJETIVO: Identificar a prevalência das violências durante a gestação e verificar a associação com as características socioeconômicas, comportamentais e clínicas da gestante. MÉTODOS: Estudo transversal em uma maternidade de baixo risco do município de Cariacica, Espírito Santo. Foram entrevistadas 330 puérperas de agosto a outubro de 2017. Informações sobre as características socioeconômicas, comportamentais, reprodutivas e clínicas, assim como experiências de vida, foram coletadas por meio de questionário. Para identificar os tipos de violência, foi utilizado o instrumento da Organização Mundial da Saúde. Foi realizada análise bivariada e multivariada bruta e ajustada por regressão de Poisson com variância robusta. RESULTADOS: As prevalências foram 16,1% (IC95% 2,5–20,4) para violência psicológica, 7,6% (IC95% 5,1–11,0) para a física e 2,7% (IC95% 1,4–5,2) para a sexual. A violência psicológica manteve-se associada a idade, renda familiar, início da vida sexual, doença na gravidez, desejo de interromper a gestação e número de parceiros. A violência física esteve associada a escolaridade, início da vida sexual e doença na gravidez. Já a violência sexual manteve-se associada a situação conjugal e desejo de interromper a gestação (p < 0,05). CONCLUSÕES: A violência psicológica perpetrada pelo parceiro íntimo foi a de maior prevalência entre as gestantes. Mulheres mais jovens, com menor renda e escolaridade, que iniciaram a vida sexual até os 14 anos e que desejaram interromper a gravidez vivenciaram com maior frequência a violência durante a gestação.

Biografia do Autor

  • Ranielle de Paula Silva, Universidade Federal do Espírito Santo

    Universidade Federal do Espírito Santo. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Vitória, ES, Brasil

  • Franciéle Marabotti Costa Leite, Universidade Federal do Espírito Santo

    OBJETIVO: Identificar a prevalência das violências durante a gestação e verificar a associação com as características socioeconômicas, comportamentais e clínicas da gestante. MÉTODOS: Estudo transversal em uma maternidade de baixo risco do município de Cariacica, Espírito Santo. Foram entrevistadas 330 puérperas de agosto a outubro de 2017. Informações sobre as características socioeconômicas, comportamentais, reprodutivas e clínicas, assim como experiências de vida, foram coletadas por meio de questionário. Para identificar os tipos de violência, foi utilizado o instrumento da Organização Mundial da Saúde. Foi realizada análise bivariada e multivariada bruta e ajustada por regressão de Poisson com variância robusta. RESULTADOS: As prevalências foram 16,1% (IC95% 2,5–20,4) para violência psicológica, 7,6% (IC95% 5,1–11,0) para a física e 2,7% (IC95% 1,4–5,2) para a sexual. A violência psicológica manteve-se associada a idade, renda familiar, início da vida sexual, doença na gravidez, desejo de interromper a gestação e número de parceiros. A violência física esteve associada a escolaridade, início da vida sexual e doença na gravidez. Já a violência sexual manteve-se associada a situação conjugal e desejo de interromper a gestação (p < 0,05). CONCLUSÕES: A violência psicológica perpetrada pelo parceiro íntimo foi a de maior prevalência entre as gestantes. Mulheres mais jovens, com menor renda e escolaridade, que iniciaram a vida sexual até os 14 anos e que desejaram interromper a gravidez vivenciaram com maior frequência a violência durante a gestação.

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Publicado

2020-12-14

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Silva, R. de P., & Leite, F. M. C. (2020). Violências por parceiro íntimo na gestação: prevalências e fatores associados. Revista De Saúde Pública, 54, 97. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002103