ArboAlvo: método de estratificação da receptividade territorial às arboviroses urbanas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2022056003546

Palavras-chave:

Infecções por Arbovirus, epidemiologia, Fatores de Risco, Zona de Risco, classificação, Monitoramento Epidemiológico, Estudos Ecológicos

Resumo

OBJETIVO: Apresentar a metodologia de estratificação das arboviroses urbanas (dengue, zika e chikungunya) pelo índice de receptividade territorial, instrumento de vigilância e controle dessas doenças que considera a heterogeneidade territorial intramunicipal. MÉTODOS: Estudo ecológico que utiliza como unidade de análise as áreas de abrangência dos centros de saúde de Belo Horizonte (MG). Para a construção do índice de receptividade territorial foram selecionados indicadores de determinação socioambiental das arboviroses urbanas a fim de integrar à análise de componentes principais. As componentes resultantes foram ponderadas por análise de processos hierárquicos (AHP) e agregadas por meio de álgebra de mapas. RESULTADOS: O índice de receptividade territorial evidenciou grande heterogeneidade das condições de infraestrutura urbana. As áreas classificadas como alta e muito alta receptividade correspondem a aproximadamente 33% da área ocupada e se concentram sobretudo nas regiões de planejamento administrativo Leste, Nordeste, Norte, Oeste e Barreiro, principalmente em áreas limítrofes do município. Quando sobrepostas à densidade de casos de dengue e de ovos de Aedes em 2016, a estratificação pelo índice de receptividade territorial às arboviroses urbanas demonstra que áreas de muito alta receptividade apresentam uma densidade de casos, bem como de ovos de Aedes superior àquela observada nas demais áreas da cidade, o que corresponde a um percentual bastante reduzido do território municipal (13,5%). CONCLUSÕES: As análises indicam a necessidade do desenvolvimento de ações de vigilância e controle adequadas para cada contexto, superando, assim, a lógica de alocação homogênea em todo o território.

Referências

Honório NA, Câmara DCP, Calvet GA, Brasil P. Chikungunya: uma arbovirose em estabelecimento e expansão no Brasil Cad Saude Publica. 2015;31(5):906-8. https://doi.org/10.1590/0102-311XPE020515

Zanluca C, Melo VC, Mosimann ALP, Santos GIV, Santos CND, Luz K. First report of autochthonous transmission of Zika virus in Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2015;110(4):569-72. https://doi.org/10.1590/0074-02760150192

Bhatt S, Gething PW, Brady OJ, Messina JP, Farlow AW, Moyes CL, et al. The global distribution and burden of dengue. Nature. 2013;496(7446):504-7. https://doi.org/10.1038/nature12060

Beatty ME, Beutels P, Meltzer MI, Shepard DS, Hombach J, Hutubessy R, et al. Health economics of dengue: a systematic literature review and expert panel’s assessment. Am J Trop Med Hyg. 2011;84(3):473-88. https://doi.org/10.4269/ajtmh.2011.10-0521

Ministério da Saúde (BR). Boletins Epidemiológicos. Brasília, DF; 2016 [citado 9 set 2020]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/boletins-epidemiologicos

Carvalho MS, Honório NA, Garcia LMT, Carvalho LCS. Aedes ægypti control in urban areas: a systemic approach to a complex dynamic. PLoS Negl Trop Dis. 2017;11(7):e0005632. https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0005632

Donnelly MAP, Kluh S, Snyder RE, Barker CM. Quantifying sociodemographic heterogeneities in the distribution of Aedes aegypti among California households. PLoS Negl Trop Dis. 2020;14(7):e0008408. https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0008408

MacCormack-Gelles B, Lima Neto AS, Sousa GS, Nascimento OJ, Castro MC. Evaluation of the usefulness of Aedes aegypti rapid larval surveys to anticipate seasonal dengue transmission between 2012-2015 in Fortaleza, Brazil. Acta Trop. 2020;205:105391. https://doi.org/10.1016/j.actatropica.2020.105391

Bowman LR, Donegan S, Mccall PJ. Is dengue vector control deficient in effectiveness or evidence: systematic review and meta-analysis. PLoS Negl Trop Dis. 2016;10(3):e0004551. https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0004551

Cattand P, Dejeux P, Guzmán MG, Janin J, Kroeger A, Medici A, et al. Tropical diseases lacking adequate control measures: Dengue, Leishmaniasis, and African Trypanosomiasis. In: Jamilson DT, Beman JG, Meashsam AR, Alleyne G, Claeson M, Evans DBV, et al, editors. Disease control priorities in developing countries. 2. ed. Washington, DC: The International Bank for Reconstruction and Development; New York: World Bank Publications; 2006 [citado 9 set 2020]. Chapter 25; p. 451-66. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK11753/

Pan American Health Organization. Technical document for the implementation of interventions based on generic operational scenarios for Aedes aegypti control. Washington, DC: PAHO; 2019 [citado 9 set 2020]. Disponível em: https://iris.paho.org/handle/10665.2/51652

World Health Organization. Handbook for integrated vector management. Geneva (CH); WHO; 2012 [citado 9 set 2020]. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/44768/9789241502801_eng.pdf;jsessionid=6B69CE295A4ABE22DE977675414E596D?sequence=1

World Health Organization, Regional Office for Europe. Receptivity to malaria and other parasitic diseases: report on a WHO working group, Izmir, 11-15 september 1978. Copenhagen (DK); WHO Regional Office for Europe; 1978 [citado 12 agosto 2020]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/204466

World Health Organization, Regional Office for the Eastern Mediterranean. Guidelines on prevention of the reintroduction of malaria. Cairo (EG): EMRO; 2007 [citado 12 ago 2020]. (EMRO Technical Publications Series; nº 34). Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/119851

World Health Organization. Global malaria Programme: WHO malaria terminology. Geneva (CH): WHO; 2016 [citado 12 ago 2020]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/208815/WHO_HTM_GMP_2016.6_eng.pdf

Tauil PL. Malária no Brasil: epidemiologia e controle. In: Ministério da Saúde (BR); Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise de Situação de Saúde. Saúde Brasil 2009: uma análise da situação de saúde e da agenda nacional e internacional de prioridades em saúde. Brasília, DF: MS; 2010. p. 223-40. (Série G. Estatística e Informação em Saúde).

Monken M, Barcellos C. Vigilância em saúde e território utilizado: possibilidades teóricas e metodológicas. Cad Saude Publica. 2005;21(3):898-906. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000300024

Souza RCF, Oliveira VB, Pereira DB, Costa HSM, Caiaffa WT. Viver próximo à saúde em Belo Horizonte. Cad Metropole. 2016;18(36):325-44. https://doi.org/10.1590/2236-9996.2016-3601

Albuquerque HG, Peiter PC, Toledo LM, Alencar JAF, Sabroza PC, Dias CG, et al. Geographical information system (GIS) modeling territory receptivity to strengthen entomological surveillance: Anopheles (Nyssorhynchus) case study in Rio de Janeiro state, Brazil. Parasit Vect. 2018;11(1):256-62. https://doi.org/10.1186/s13071-018-2844-2

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades: Belo Horizonte. Rio de Janeiro: IBGE; c2017 [citado 12 ago 2020]. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/belo-horizonte/panorama

Assis WL. Os climas naturais do município de Belo Horizonte. Acta Geogr. 2012; Ed Espec:115-35. https://doi.org/10.5654/actageo2012.0002.0008

Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. A experiência de Belo Horizonte no enfrentamento às arboviroses: dengue, zika e chikungunya. Bol Vigil Saude. 2016 [citado 12 ago 2020];(7):1-26. Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-governo/saude/2018/documentos/boletim-gvsiI-arboviroses-13-1-2017.pdf

Barcellos C, Santos SM. Colocando dados no mapa: a escolha da unidade espacial de agregação e integração de bases de dados em saúde e ambiente através do geoprocessamento. Inf Epidemiol SUS. 1997;6(1):21-9. https://doi.org/10.5123/S0104-16731997000100003

Flauzino RF, Souza-Santos R, Oliveira RM. Dengue, geoprocessamento e indicadores socioeconômicos e ambientais: um estudo de revisão. Rev Panam Salud Publica. 2009;25(5):456-61.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Aglomerados subnormais. O que é? Rio de Janeiro: IBGE; 2018 [citado 11 jan 2021]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/geociencias/organizacao-do-territorio/tipologias-do-territorio/15788-aglomerados-subnormais.html?=&t=o-que-e

Jolliffe IT. Principal component analysis. 2. ed. New York: Springer International Publishing; 2002. (Springer Series in Statistics).

Santos JPC, Caldas VISP, Silva AS, Santos JPC. Suscetibilidade à erosão dos solos da bacia hidrográfica lagos – São João, no Estado do Rio de Janeiro – Brasil, a partir do método AHP e análise multicritério. Rev Bras Geogr Fis. 2019;12(4):1415-30. https://doi.org/10.26848/rbgf.v12.4p1415-1430

Jiang H, Eastman JR. Application of fuzzy measures in multi-criteria evaluation in GIS. Int J Geogr Inform Sci. 2000;14():173-84. https://doi.org/10.1080/136588100240903

Machado JP, Oliveira RM, Souza-Santos R. Análise espacial da ocorrência de dengue e condições de vida na cidade de Nova Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saude Publica. 2009;25(5):1025-34. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2009000500009

World Health Organization. The 8. Global Conference on Health Promotion; 10-14 June 2013; Helsinki, Finland. Geneva (CH): WHO; 2013 [citado 18 ago 2020]. Disponível em: https://www.who.int/healthpromotion/conferences/8gchp/8gchp_helsinki_statement.pdf

Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. Índice de vulnerabilidade da saúde. Belo Horizonte, MG; 2012 [citado 12 agosto 2020]. Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de- governo/saude/2018/publicacaoes-da-vigilancia-em-saude/indice_vulnerabilidade2012.pdf

Santos M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4.ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; 2006. (Coleção Milton Santos; nº 1).

Publicado

2022-05-18

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Siqueira, A. S. P., Praça, H. L. F., Santos, J. P. C. dos, Albuquerque, H. G., Pereira, L. V., Simões, T. C., Gusmão, E. V. V., Pereira, A. A. T., Pimenta Júnior, F. G. ., Nobre, A. A. ., Alves, M. B., Barcellos, C., Carvalho, M. S., Sabroza, P. C., & Honório, N. A. (2022). ArboAlvo: método de estratificação da receptividade territorial às arboviroses urbanas. Revista De Saúde Pública, 56, 39. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2022056003546

Dados de financiamento