Avaliação de desempenho do controle da tuberculose em municípios brasileiros
DOI:
https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2022056004020Palavras-chave:
Tuberculose, prevenção & controle, Avaliação de Processos e Resultados em Cuidados de Saúde, Avaliação de Programas e Projetos de Saúde, Estudos EcológicosResumo
OBJETIVO Avaliar o desempenho no controle da tuberculose dos municípios brasileiros. MÉTODOS Estudo ecológico com municípios brasileiros que notificaram pelo menos quatro casos novos de tuberculose, com no mínimo um caso novo de tuberculose pulmonar entre 2015 e 2018. Os municípios foram estratificados de acordo com a população em < 50 mil, 50–100 mil, 100–300 mil e > 300 mil habitantes e foi utilizado o método k-médias para agrupá-los dentro de cada faixa populacional segundo desempenho de seis indicadores da doença. RESULTADOS Foram incluídos 2.845 municípios brasileiros abrangendo 98,5% (208.007/211.174) dos casos novos de tuberculose do período. Para cada faixa populacional identificou-se três grupos (A, B e C) de municípios segundo desempenho dos indicadores: A os mais satisfatórios, B os intermediários e C os menos satisfatórios. Municípios do grupo A com < 100 mil habitantes apresentaram resultados acima das metas para confirmação laboratorial (≥ 72%), abandono (≤ 5%) e cura (≥ 90%), e abrangeram 2% dos casos novos da doença. Por outro lado, os municípios dos grupos B e C apresentaram pelo menos cinco indicadores com resultados abaixo das metas – testagem HIV (< 100%), exame de contatos (< 90%), tratamento diretamente observado (< 90%), abandono (> 5%) e cura (< 90%) –, e corresponderam a 66,7% dos casos novos de tuberculose. Já no grupo C dos municípios com > 300 mil habitantes, que incluiu 19 das 27 capitais e 43,1% dos casos novos de tuberculose, encontrou-se os menores percentuais de exames de contatos (média = 56,4%) e tratamento diretamente observado (média = 15,4%), elevado abandono (média = 13,9%) e baixa cobertura da atenção básica (média = 66,0%). CONCLUSÕES Grande parte dos casos novos de tuberculose ocorreu em municípios com desempenho insatisfatório para o controle da doença, onde expandir a cobertura da atenção básica pode reduzir o abandono e elevar o exame de contatos e tratamento diretamente observado.
Referências
- World health Organization. WHO global lists of high burden countries for TB, multidrug/rifampicin-resistant TB (MDR/RR-TB) and TB/HIV, 2021-2025. Geneva (CH): WHO; 2021 [citado 17 jun 2021]. Disponível em: https://www.who.int/news/item/17-06-2021-who-releases-new-global-lists-of-high-burden-countries-for-tb-hiv-associated-tb-and-drug-resistant-tb
- Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Coordenação Geral de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas. Bol Epidemiol Tuberculose; 2021 [citado 12 mai 2021]; N° Espec. http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2021/boletim-tuberculose-2021
- Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Brasil Livre da Tuberculose: Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública. Brasília (DF); 2017. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasil_livre_tuberculose_plano_nacional.pdf
- Barreto ML, Rasella D, Machado DB, Aquino R, Lima D, Garcia LP, et al. Monitoring and evaluating progress towards Universal Health Coverage in Brazil. PLoS Med. 2014;11(9):e1001692. https://doi:10.1371/journal.pmed.1001692
- Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Vigilância em Saúde. Indicadores prioritários para o monitoramento do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública no Brasil. Bol Epidemiol. 2017;48(8):1-11.
- World Health Organization. Global tuberculosis report 2020. Geneva (CH): WHO; 2020 [citado 17 jun 2021]. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240013131
- Bartholomay P, Pelissari DM, Araujo WN, Yadon ZE, Heldal E. Quality of tuberculosis care at different levels of health care in Brazil in 2013. Rev Panam Salud Publica. 2016;39(1):3-11. https://www.scielosp.org/article/rpsp/2016.v39n1/3-11/
- Gonçalves MJF, Penna MLF. Morbidade por tuberculose e desempenho do programa de controle em municípios brasileiros, 2001-2003. Rev Saude Publica. 2007;41 Supl 1:95-102. https://doi.org/10.1590/S0034-89102007000800013
- Pelissari DM, Rocha MS, Bartholomay P, Sanchez MN, Duarte EC, Arakaki-Sanchez D, et al. Identifying socioeconomic, epidemiological and operational scenarios for tuberculosis control in Brazil: an ecological study. BMJ Open. 2018;8(6):e018545. https://doi.org/10.1136/bmjopen-2017-018545
- Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil. 2. ed. atual. Brasília (DF); 2019 [citado 12 mai 2021]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/manual-de-recomendacoes-para-o-controle-da-tuberculose-no-brasil
- Matida AH, Camacho LAB. Pesquisa avaliativa e epidemiologia: movimentos e síntese no processo de avaliação de programas de saúde. Cad Saude Publica. 2004;20(1):37-47. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2004000100017
- Pelissari DM, Oliveira PB, Jacobs MG, Arakaki-Sanchez D, Anjos DSO, Costa MLS, et al. Oferta de serviços pela atenção básica e detecção da incidência de tuberculose no Brasil. Rev Saude Publica. 2018;52:53. https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2018052000131
- Tanaka OY, Drumond Júnior M, Cristo EB, Spedo SM, Pinto NRS. Uso da análise de clusters como ferramenta de apoio à gestão no SUS. Saude Soc. 2015;24(1):34-45. https://doi.org/10.1590/S0104-12902015000100003
- Kodinariya TM, Makwana PR. Review on determining number of cluster in K-Means Clustering. Int J Adv Res Comput Sci Manag Stud. 2013 [citado 24 jun 2021];1(6):90-5. Disponível em: http://www.ijarcsms.com/docs/paper/volume1/issue6/V1I6-0015.pdf
- Stop TB Partnership. Reaching the United Nations TB Targets. The Paradigm Shift. Global Plan to End TB: 2018-2022. Geneva (CH): Stop TB Partnership; 2019. Disponível em: http://www.stoptb.org/global/plan/plan1822.asp
- Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Bol Epidemiol Tuberculose; 2020 [citado 17 mai 2021];Nº Espec. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2020/boletim-epidemiologico-de-turbeculose-2020
- Oberski D. Mixture models: latent profile and latent class analysis. In: Robertson J, Kaptein M, editors. Modern statistical methods for HCI. Cham (CH): Springer; 2016. (Human-Computer Interaction Series). https://doi.org/10.1007/978-3-319-26633-6_12
- Basham CA, Elias B, Fanning A, Cook C, Orr P. Performance measurement of a Canadian provincial tuberculosis programme: Manitoba, 2008–2012. Int J Tuberc Lung Dis. 2018;22(4):437-43. https://doi.org/10.5588/ijtld.17.0508
- Arakawa T, Magnabosco GT, Andrade RLP, Brunello MEF, Monroe AA, Scatena LM, et al. Programa de controle da tuberculose no contexto municipal: avaliação de desempenho. Rev Saude Publica. 2017;51:23. https://doi.org/10.1590/S1518-8787.2017051006553
- Silva GDM, Bartholomay P, Cruz OG, Garcia LP. Avaliação da qualidade dos dados, oportunidade e aceitabilidade da vigilância da tuberculose nas microrregiões do Brasi. Cienc Saude Colet. 2017;22(10):3307-19. https://doi.org/10.1590/1413-812320172210.18032017
- Dangisso MH, Datiko DG, Lindtjørn B. Accessibility to tuberculosis control services and tuberculosis programme performance in southern Ethiopia. Glob Health Action. 2015;8(1):29443. https://doi.org/10.3402/gha.v8.29443
- Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Rede de Teste Rápido para Tuberculose no Brasil: primeiro ano da implantação. Brasília (DF); 2015.
- Ibañez N, Rocha JSY, Castro PC, Ribeiro MCSA, Forster AC, Novaes MHD, et al. Avaliação do desempenho da atenção básica no Estado de São Paulo. Cienc Saude Colet. 2006;11(3);683-703. https://doi.org/10.1590/S1413-81232006000300016
- Cardozo-Gonzales RI, Palha PF, Harter J, Alarcon E, Lima LM, Tomberg JO. Avaliação das ações de detecção de casos de tuberculose na atenção primária. Rev Eletron Enfermagem. 2015;17(4):1-8. https://doi.org/10.5216/ree.v17i4.32846
- Arcoverde MAM, Berra TZ, Alves LS, Santos DT, Belchior AS, Ramos ACV, et al. How do social-economic differences in urban areas affect tuberculosis mortality in a city in the tri-border region of Brazil, Paraguay and Argentina. BMC Public Health. 2018;18:795. https://doi.org/10.1186/s12889-018-5623-2
- Maciel EMGS, Amancio JS, Castro DB, Braga JU. Social determinants of pulmonary tuberculosis treatment non-adherence in Rio de Janeiro, Brazil. 2018. PLoS On. 2018;13(1):e0190578. https://doi.org/10e.1371/journal.pone.0190578
- Ezeh A, Oyebode O, Satterthwaite D, Chen YF, Ndugwa R, Sartori J, et al. The history, geography, and sociology of slums and the health problems of people who live in slums. Lancet. 2017;389(10068):547-58. https://doi.org/10.1016/ S0140-6736(16)31650-6
- Lönnroth K, Jaramillo E, Williams BG, Dye C, Raviglione M. Drivers of tuberculosis epidemics: the role of risk factors and social determinants. Soc Sci Med. 2009;68(12):2240-6. https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2009.03.041
- Nery JS, Rodrigues LC, Rasella D, Aquino R, Barreira D, Torrens AW, et al. Effect of Brazil's conditional cash transfer programme on tuberculosis incidence. Int J Tuberc Lung Dis. 2017;21(7):790-6. https://doi.org/10.5588/ijtld.16.0599
- Carter DJ, Daniel R, Torrens AW, Sanchez MN, Maciel ELN, Bartholomay P, et al. The impact of a cash transfer programme on tuberculosis treatment success rate: a quasi-experimental study in Brazil. BMJ Glob Health. 2019;4:e001029. https://doi:10.1136/ bmjgh-2018-001029
- Oliosi JGN, Reis-Santos B, Locatelli RL, Sales CMM, Silva Filho WG, Silva KC, et al. Effect of the Bolsa Familia Programme on the outcome of tuberculosis treatment: a prospective cohort study. Lancet Glob Health. 2019;7(2):219-26. https://doi.org/10.1016/S2214-109X(18)30478-9
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Priscila Fernanda Porto Scaff Pinto, Beatriz Pinheiro Schindler dos Santos, Camila Silveira Silva Teixeira, Joilda Silva Nery, Leila Denise Alves Ferreira Amorim, Mauro Niskier Sanchez, Mauricio Lima Barreto, Julia Moreira Pescarini
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Como Citar
Dados de financiamento
-
Ministério da Saúde
Números do Financiamento VPGDI-003-FIO-19