Reforma agrária: o impossível diálogo sobre a História possível

Autores

  • José de Souza Martins Universidade de São Paulo. Departamento de Sociologia

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0103-20701999000200007

Palavras-chave:

reforma agrária, questão agrária, movimentos sociais, governabilidade, Fernando Henrique Cardoso

Resumo

Os desencontros entre o governo, de um lado, e o MST, a Igreja e as oposições, de outro, quanto à política de reforma agrária, só podem ser compreendidos se tivermos em conta o que vem a ser a questão agrária no Brasil. Num país em que o grande capital se tornou proprietário de terras, a concepção clássica da questão agrária, e das reformas que ela pede, fica substancialmente alterada. São essas alterações que propõem as condições e os limites da reforma agrária no país. São elas, também que apontam o desenrolar possível da história brasileira a partir dessa referência estrutural. A reforma agrária se tornou uma reforma cíclica em virtude da, de certo modo, contínua entrada e reentrada em cena de clientes potenciais dessa medida. O fato de que o MST e os sem-terra tenham assumido a iniciativa das ocupações, atuando o governo como suplente para fazer a reforma, não indica a debilidade do Estado democrático para realizá-la. Apenas indica que a sociedade civil, através de organizações e movimentos populares, passou a ter um papel na nova estrutura do Estado brasileiro.

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Publicado

1999-10-01

Edição

Seção

Dossiê FHC - 1º Governo

Como Citar

Martins, J. de S. (1999). Reforma agrária: o impossível diálogo sobre a História possível . Tempo Social, 11(2), 97-128. https://doi.org/10.1590/S0103-20701999000200007