A disputa pelo “universal”: Celso Furtado, Fernando Henrique Cardoso e a arena transnacional das ciências sociais na Guerra Fria (1964-1988)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.213491

Palavras-chave:

Brasil-Estados Unidos, Brasil-França, Circulação internacional de bens simbólicos, Sociologia dos Intelectuais, Consagração

Resumo

Adotando a hipótese segundo a qual entre o espaço social e as construções simbólicas que nele emergem existem correlações que tornam ambos inteligíveis, o artigo articula as posições objetivas e as carreiras transnacionais que condicionaram as tomadas de posição teóricas de Celso Furtado (1920-2004) e Fernando Henrique Cardoso (1931). Trata-se de dois casos que apresentam interesse sociológico por contrariarem as tendências assimétricas do espaço global das ciências sociais: apesar de terem origem no “sul global”, suas obras foram efetivamente integradas no “centro”; disputaram explicações, ganharam paradas, perderam outras, seus pares não passaram incólumes a elas. Ademais, foram ungidos pela consagração, ainda que em países com posições diversas na hierarquia do espaço.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Lidiane Soares Rodrigues, Universidade Federal do ABC

    Professora da Universidade Federal do ABC.

Referências

Assidon, Elsa. (2002), Les théories économiques du development. Paris: La Découverte.

Barboza, Darlan. (2023), A consagração de um vivente. São Paulo, tese de doutorado, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

Beigel, Fernanda. (2014), Vida, muerte y ressurrección de las ‘teorías de la dependencia’. CLACSO, pp. 287-326.

Bianconi, Renata. (2014), L’œuvre de Celso Furtado à Paris : le parcours d’un intellectuel et homme d’État. Tese de doutorado. Paris, Sorbonne.

Bielschowsky, Ricardo. (2000), “Cinquenta anos de pensamento na Cepal”. In. Cinquenta anos de pensamento na Cepal. Rio de Janeiro: Record.

Boschetti, Anna. (2014), Ismes. Du réalisme au postmodernisme. Paris: CNRS Éditions.

Bourdieu, Pierre. (1996), As regras da arte. Trad. port. Lisboa: Editorial Presença.

Bourdieu, Pierre. (1998), Contrafogos. Rio de Janeiro: Zahar.

Bourdieu, Pierre. (1992), “Deux impérialismes de l'universel”. In. Fauré, Christine et. all. L'Amérique des Français. Paris: François Bourin, 1992, pp. 149-155.

Bourdieu, Pierre. (1984), Homo academicus. Paris: Minuit.

Bourdieu, Pierre. (1989), La noblesse d’État. Paris: Les Editions de Minuit.

Cáceres, Gonzalo. (2016), “Santiago de Chile. La capital de la izquierda”. In. Peixoto, F. A.; Gorelik, A. Ciudades sudamericanas como arenas culturales. Buenos Aires: Siglo XXI.

Caravaca, Jimena; Espeche, Ximena. (2021), “La CEPAL en perspectiva: economía, posguerra y región en reuniones latinoamericanas (1942–1949). Iberoamericana, v. 50, n. 1.

Cardoso, Fernando Henrique. (29 jun. 1964), Carta para Florestan Fernandes. Nova York. Arquivo Fernando Henrique Cardoso.

Cardoso, Fernando Henrique. ([1976a] 1993), “O consumo da teoria da dependência nos Estados Unidos”. In: As ideias e seu lugar: ensaios sobre as teorias do desenvolvimento. Petrópolis, Vozes, pp. 89-107.

Cardoso, Fernando Henrique. (1971a), Política e desenvolvimento em sociedades dependentes: ideologias do empresariado industrial argentino e brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar.

Cardoso, Fernando Henrique. (1971b), “Teoria da dependência ou análises concretas de situações de dependência?”. Estudos Cebrap, 1 (1): 25-45.

Cardoso, Fernando Henrique. (2006), The Accidental President of Brazil: A Memoir. Nova York: Public Affairs.

Cardoso, Fernando Henrique. (1974a), “The paper enemy”. Latin American Perspectives, 1: 66-74.

Cardoso, Fernando Henrique. (1982), “Um desafio aos sociólogos”, palavras proferidas na sessão inaugural do x Congresso Mundial de Sociologia, Cidade do México.

Cardoso, Fernando Henrique & Faletto, Enzo. (1970), Dependência e desenvolvimento na América Latina. Rio de Janeiro, LTC.

Cardoso, Fernando Henrique & Serra, José. (1979), “As desventuras da dialética da dependência”. Estudos Cebrap, 23: 33-80.

Delpar, Helen. (2008), Looking South: The Evolution of Latin Americanist Scholarship in the United States, 1850–1975. Tuscaloosa: University of Alabama Press.

Fajardo, Margarita. (2021), The world that Latin America created. Cambridge, MA, Harvard University Press.

Foucarde, Marion. (2006), “The construction of a global profession: The transnationalization of economics”. AJS, 112 (1): 145-194.

Franco, Rolando. (2013), La invención del Ilpes. Santiago, Publicación de las Naciones Unidas.

Frank, André Gunder. (1967), Capitalism and underdevelopment in Latin America: Historical studies of Chile and Brazil. Nova York, Monthly Review Press.

Furtado, Celso. (1997b), A fantasia desfeita. São Paulo, Companhia das Letras.

Furtado, Celso. (1997a), A fantasia organizada. São Paulo, Companhia das Letras.

Furtado, Celso. (1997c), Ares do mundo. São Paulo, Companhia das Letras.

Furtado, Celso. (1965), Carta para Claudio Veliz. New Haven, 6 de maio de 1965. Arquivo Fernando Henrique Cardoso.

Furtado, Celso. (1966a), Carta para Fernando Henrique Cardoso. Paris, 2 de janeiro de 1966. Arquivo Fernando Henrique Cardoso.

Furtado, Celso. (1966b), Carta para Fernando Henrique Cardoso. Paris, 21 de dezembro de 1966. Arquivo Fernando Henrique Cardoso.

Furtado, Celso. (1967), Carta para Fernando Henrique Cardoso. Paris, 24 de janeiro de 1967. Arquivo Fernando Henrique Cardoso.

Furtado, Celso. (2021), Correspondência intelectual (1949-2004). Org. Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo, Companhia das Letras.

Furtado, Celso. (1959), Discurso de paraninfo proferido na colação de grau dos bacharéis da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Minas Gerais, 4 dez. 1959.

Furtado, Celso. (1970), Les États-Unis et le sous-développement de l’Amérique Latine. Trad. C. Deniz da Silva. Paris, Calmann-Lévy.

Furtado, Celso. (1966b), Subdesenvolvimento e estagnação na América Latina. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira.

Garcia Jr., Afranio. (2004), “A dependência da política: Fernando Henrique Cardoso e a sociologia no Brasil”. Tempo Social, 16 (1): 285-300. Genette, Gérard. (2009), Paratextos editoriais. São Paulo, Ateliê.

Gingras, Yves. (2002), “Les formes specifiques de l’internationalité du champ scientifique”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 141-142: 31-45.

Guilhot, Nicolas. (2005), Democracy makers. Nova York, Columbia University Press.

Heilbron, Johan; Guilhot, Nicolas & Jeanpierre, Laurent. (2008), “Toward a transnational history of the social sciences”. Journal of the History of the Behavioral Sciences, 44 (2): 146-160.

Heilbron, Johan; Sorá, Gustavo; Boncourt, Thibaud. (2018), The social and human sciences in global power relations. Suíça, Palgrave Macmillan.

Hettne, Bjorn & Blomström, Magnus. (1984), “Development theory”. In: Transition, The dependency debate & beyond; third world reponses. Londres, Zed Books.

Iber, Patrick. (2015), Neither peace nor freedom. Cambridge, Harvard University Press.

Kay, Cristóbal. (2010), Latin American theories of development and underdevelopment. Abingdon, Routledge.

Latin American Perspectives (lap). (1974), Editorial “Debate”. Latin American Perspectives, 1.

Lebaron, Frédéric. (2002), “Le Nobel d’économie”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 141-142: 62-65.

Leoni, Brigitte. (1997), Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível. Rio de Janeiro, Nova Fronteira.

Martinière, Guy. (1982), Aspects de la coopération franco-brésilienne. Transplantation culturelle et stratégie de la modernité. Paris, Editions de la Maison des Sciences de l’Homme.

Martinière, Guy & Chonchol, Jacques. (1985), L’Amérique latine et le latino-américanisme en France. Paris, L’Harmattan, 1985.

Miceli, Sergio. (2001), “Condicionantes do desenvolvimento das ciências sociais”. In: História das ciências sociais no Brasil, vol. 1, São Paulo, Sumaré.

Parmar, Inderjeet. (2015), Foundations of the American century. Nova York, Columbia University Press.

Ridenti, Marcelo. (2022), O segredo das senhoras americanas. São Paulo, Unesp.

Rosenthal, Gert. (2004), “Eclac: A commitment to a Latin American Way”. In: Berthlot, Yves. Unity and diversity in development ideas. Perspectives from the un Regional Comissions. United Nations Intellectual History Project Series, pp. 168-232.

Rodrigues, Lidiane S. (2020), “Brazilian political scientists and the Cold War: Soviet hearts, north-American minds (1966-1988)”. Science in Context, 33: 145-169.

Rodrigues, Lidiane S. (2022), “Fernando Henrique Cardoso nos Estados Unidos: a obra de um scholar, um scholar como obra”. Novos Estudos Cebrap, 41 (2): 273-293.

Rodrigues, Lidiane S. (2019), “Poder, sexo e línguas no marxismo à brasileira”. Revista Pós-Ciências Sociais, 16: 131-150.

Rodrigues, Lidiane S. (2021), “Uma internacional intelectual”. In: Paulo, Heloisa et al. (orgs.). Migrações e exílios no mundo contemporâneo. Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, pp. 339-366.

Ruvituso, Clara. (2020), “Southern theories in Northern circulation: analyzing the translation of Latin American dependency theories into German”. Tapuya, 3 (1): 92-106.

Sapiro, Gisèle. (2013), “Le champ est-il national?”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 200 (5): 70-85.

Sapiro, Gisèle. (2014), “Introduction”. In: Sapiro, Gisèle (org.). Sciences humaines en traduction. Le livre français aux Etats-Unis, au Royaume-Uni et en Argentine. Paris, Institut Français.

Sapiro, Gisèle & Matonti, Frédérique. (2009), “L’engagement des intellectuels: nouvelles perspectives”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 176-177: 4-7.

Scot, Marie. (2016), “L’antiamericanisme dans la vie intellectuelle française”. In: Charle, Christophe & Jean pierre, Laurent. La vie intellectuelle en France ii. De 1914 à nos jours. Paris, Seuil.

Tournès, Ludovic. (2011), Sciences de l’homme et politique. Les fondations philanthropiques américaines en France au xxe siècle. Paris, Garnier.

Downloads

Publicado

2023-08-15

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Rodrigues, L. S. (2023). A disputa pelo “universal”: Celso Furtado, Fernando Henrique Cardoso e a arena transnacional das ciências sociais na Guerra Fria (1964-1988). Tempo Social, 35(2), 131-155. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.213491