Investigação sorológica da febre maculosa brasileira entre equídeos na área da represa de Guarapiranga, na cidade de São Paulo, Brasil

Autores

  • Jonas Moraes Filho Universidade Santo Amaro, São Paulo – SP, Brazil
  • Amanda Oliveira de Sousa Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, São Paulo – SP, Brazil
  • Tania Regina Vieira de Carvalho Universidade Santo Amaro, São Paulo – SP, Brazil
  • Marcelo Bahia Labruna Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, São Paulo – SP, Brazil

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1678-4456.bjvras.2019.158601

Palavras-chave:

Rickettsia rickettsii, Rickettsia bellii, Teste de imunofluorescência, Cavalo, Carrapato

Resumo

Na região da represa de Guarapiranga localizada na área metropolitana de São Paulo, têm sido relatados casos humanos de Febre Maculosa Brasileira (FMB), uma doença transmitida por carrapatos causada pela bactéria Rickettsia rickettsii. Nesta área de estudo, R. rickettsii é conhecida por ser transmitida aos seres humanos pelo Amblyomma aureolatum, um carrapato de cão que não está associado a cavalos. Em outras áreas endêmicas da FMB, a transmissão de R. rickettsii está associada ao Amblyomma sculptum, uma espécie de carrapato que normalmente infesta capivaras e cavalos. A represa de Guarapiranga possui populações abundantes de capivaras e cavalos; no entanto, como nada se sabe sobre um possível ciclo de transmissão de R. rickettsii por A. sculptum nessa área, este estudo avaliou essa transmissão realizando um levantamento sorológico em cavalos que vivem na região da represa de Guarapiranga. Um total de 206 equídeos que vivem nas margens da represa de Guarapiranga foram testados sorologicamente para cinco espécies de Rickettsia, sendo quatro do grupo da FMB (R. rickettsii, R. parkeri, R. amblyommatis, R. rhipicephali) e um do grupo basal (R. bellii). No geral, 171 (83%) equídeos reagiram positivamente a pelo menos uma espécie de Rickettsia. Um total de 160 (78%), 123 (60%), 80 (39%), 72 (35%) e 71 (34%), reagiram a R. bellii, R. rickettsii, R. parkeri, R. rhipicephali e R. amblyommatis, respectivamente, com títulos finais variando de 64 a 1024 para R. bellii e 64 a 512 para as quatro espécies restantes de Rickettsia. Os títulos finais para R. bellii (mediana: 256) foram significativamente maiores (P <0,05) do que os títulos para as outras quatro espécies de Rickettsia, para os quais os valores medianos variaram de 64 a 128. Um total de 65 (32%) equideos, os soros mostraram títulos finais para R. bellii pelo menos quatro vezes maior que os de qualquer um dos outros quatro antígenos, indicando que eles foram expostos a R. bellii ou a uma espécie muito próxima. Os resultados obtidos fornecem evidências sorológicas de que os equídeos amostrados não eram frequentemente expostos a carrapatos infectados por R. rickettsii. Como os cavalos são um sentinela altamente adequado para a transmissão de R. rickettsii por A. sculptum, a conclusão obtida foi que essa espécie de carrapato não tem papel epidemiológico na transmissão da bactéria na área endêmica de FMB da represa de Guarapiranga na região metropolitana de São Paulo.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Arzua M, Silva MAN, Famadas KM, Beati L, Barros-Battesti DM. Amblyomma Aureolatum and Ixodes Auritulus (Acari: Ixodidae) on Birds in Southern Brazil, with Notes on Their Ecology. Exp Appl Acarol. 2003;31(3-4):283-96. http://dx.doi.org/10.1023/B:APPA.0000010381.24903.1c. PMid:14974693.

Chen LF, Sexton DJ. What’s new in rocky mountain spotted fever? Infect Dis Clin North Am. 2008;22(3):415-32, vii-viii. http://dx.doi.org/10.1016/j.idc.2008.03.008. PMid:18755382.

Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP. Dossiê – Sistema Guarapiranga. São Paulo: SABESP; 2008. Coordenadoria de Controle de Doenças – CCD. Boletim Epidemiológico Paulista – BEPA. 2014;11(129):1-37.

Fonseca F. Validade da especie e cyclo evolutivo de Amblyomma striatum KOCH, 1844 (Acarina, Ixodidae). Mem Inst Oswaldo Cruz. 1935;9:43-58.

Guedes E, Leite RC, Prata MCA, Pacheco RC, Walker DH, Labruna MB. Detection of Rickettsia rickettsii in the tick Amblyomma cajennense in a new Brazilian spotted fever-endemic area in the state of Minas Gerais. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2005;100(8):841-5. http://dx.doi.org/10.1590/ S0074-02762005000800004. PMid:16444414.

Guglielmone AA, Estrada-Peña A, Mangold AJ, BarrosBattesti DM, Labruna MB, Martins JR, Venzal JM, Arzua M, Keirans JE. Amblyomma aureolatum (Pallas, 1772) and Amblyomma ovale Koch, 1844 (Acari: Ixodidae): hosts, distribution and 16S rDNA sequences. Vet Parasitol. 2003;113(3-4):273-88.

Horta MC, Labruna MB, Pinter A, Linardi PM, Schumaker TTS. Rickettsia Infection in Five Areas of the State of Sao Paulo, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2007;102(7):793- 801. http://dx.doi.org/10.1590/S0074-02762007000700003. PMid:18094887.

Horta MC, Labruna MB, Sangioni LA, Vianna MCB, Gennari SM, Galvão MAM, Mafra CL, Vidotto O, Schumaker TTS, Walker DH. Prevalence of antibodies to spotted fever group Rickettsiae in humans and domestic animals in a Brazilian spotted fever-endemic area in the state of São Paulo, Brazil: serologic evidence for infection by Rickettsia rickettsii and another spotted. Am J Trop Med Hyg. 2004;71(1):93-7. http://dx.doi.org/10.4269/ ajtmh.2004.71.93. PMid:15238696.

Krawczak FS, Labruna MB, Hecht JA, Paddock CD, Karpathy SE. Genotypic characterization of Rickettsia bellii reveals distinct lineages in the United States and South America. BioMed Res Int. 2018;2018:1-8. http:// dx.doi.org/10.1155/2018/8505483. PMid:29850579.

Labruna MB, Kasai N, Ferreira F, Faccini JLH, Gennari SM. Seasonal dynamics of ticks (Acari: Ixodidae) on horses in the state of São Paulo, Brazil. Vet Parasitol. 2002;105(1):65-77. http://dx.doi.org/10.1016/S0304- 4017(01)00649-5. PMid:11879967.

Labruna MB, Ogrzewalska M, Soares JF, Martins TF, Soares HS, Moraes-Filho J, Nieri-Bastos FA, Almeida AP, Pinter A. Experimental Infection of Amblyomma aureolatum Ticks with rickettsia rickettsii. Emerg Infect Dis. 2011;17(5):829-34. http://dx.doi.org/10.3201/ eid1705.101524. PMid:21529391.

Labruna MB. Ecology of rickettsia in South America. Ann N Y Acad Sci. 2009;1166(1):156-66. http://dx.doi. org/10.1111/j.1749-6632.2009.04516.x. PMid:19538276.

McDade JE, Newhouse VF. Natural history of Rickettsia rickettsii. Ann Rev Microbiol. 1986;40:287-309. Murray GGR, Weinert LA, Rhule EL, Welch JJ. The Phylogeny of Rickettsia using different evolutionary signatures: how tree-like is bacterial evolution? Syst Biol. 2016;65(2):265-79. http://dx.doi.org/10.1093/ sysbio/syv084. PMid:26559010.

Ogrzewalska M, Saraiva DG, Moraes-Filho J, Martins TF, Costa FB, Pinter A, Labruna MB. Epidemiology of Brazilian spotted fever in the Atlantic Forest, State of São Paulo, Brazil. Parasitology. 2012;139(10):1283- 300. http://dx.doi.org/10.1017/S0031182012000546. PMid:22716923.

Parola P, Paddock CD, Socolovschi C, Labruna MB, Mediannikov O, Kernif T, Abdad MY, Stenos J, Bitam I, Fournier PE, Raoult D. Update on tick-borne rickettsioses around the world: a geographic approach. Clin Microbiol Rev. 2013;26(4):657-702. http://dx.doi.org/10.1128/ CMR.00032-13. PMid:24092850.

Pinter A, França AC, Souza CE, Sabbo C, Nascimento EMM, Santos FCP, Katz G, Labruna BM, Holcman MM, Alves MJCP, Horta MC, Mascheretti M, Mayo RC, Angerami RN, Brasil RA, Leite RM, Aparecida SS, Souza L, Colombo S, Oliveira VLM. Febre maculosa brasileira. Suplemento Bepa. 2011;8(1):32-51.

Pinter A, Labruna MB. Isolation of Rickettsia rickettsii and Rickettsia bellii in cell culture from the tick Amblyomma aureolatum in Brazil. Ann N Y Acad Sci. 2006;1078(1):523-9. http://dx.doi.org/10.1196/ annals.1374.103. PMid:17114770.

Sangioni LA, Horta MC, Vianna MC, Gennari SM, Soares RM, Galvão MA, Schumaker TT, Ferreira F, Vidotto O, Labruna MB. Rickettsial infection in animals and Brasilian spotted fever endemicity. Emerg Infect Dis. 2005;11(2):265-70. http://dx.doi.org/10.3201/ eid1102.040656. PMid:15752445.

Soares JF, Soares HS, Barbieri AM, Labruna MB. Experimental infection of the tick Amblyomma cajennense, Cayenne tick, with Rickettsia rickettsii, the agent of Rocky Mountain spotted fever. Med Vet Entomol. 2012;26(2):139-51. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365- 2915.2011.00982.x. PMid:22007869.

Souza CE, Pinter A, Donalisio MR. Risk factors associated with the transmissionof Brazilian spotted fever in the Piracicaba river basin, State of São Paulo, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop. 2015;48(1):11-17.

Ueno TEH, Costa FB, Moraes-Filho J, Agostinho WC, Fernandes WR, Labruna MB. Experimental infection of horses with Rickettsia Rickettsii. Parasit Vectors. 2016;9(1):499. http://dx.doi.org/10.1186/s13071-016- 1784-y. PMid:27624315.

Vianna MC, Horta MC, Sangioni LA, Cortez A, Soares RM, Mafra CL, Galvão MA, Labruna MB, Gennari SM. Rickettsial spotted fever in Capoeirão village, Itabira, Minas Gerais, Brazil. Rev Inst Med Trop São Paulo. 2008;50(5):297-301. http://dx.doi.org/10.1590/S0036- 46652008000500009. PMid:18949349.

Vieira A, Souza C, Labruna M, Mayo R, Souza S, Camargo-Neves V. Manual de vigilância acarológica. São Paulo: Secretaria de Estado da Saúde; 2004. p. 1-63.

Weinert LA, Werren JH, Aebi A, Stone GN, Jiggins FM. Evolution and diversity of Rickettsia bacteria. BMC Biol. 2009;7(1):1-15. http://dx.doi.org/10.1186/1741- 7007-7-6. PMid:19187530.

Downloads

Publicado

2019-12-13

Edição

Seção

ARTIGO COMPLETO

Como Citar

1.
Moraes Filho J, Sousa AO de, Carvalho TRV de, Labruna MB. Investigação sorológica da febre maculosa brasileira entre equídeos na área da represa de Guarapiranga, na cidade de São Paulo, Brasil. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci. [Internet]. 13º de dezembro de 2019 [citado 17º de junho de 2024];56(4):e158601. Disponível em: https://www.journals.usp.br/bjvras/article/view/158601