Eficácia Econômica Potencial do Pagamento por Serviços Ambientais em uma área protegida no estado do Amazonas (Brasil)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14201/reb20218166984

Palavras-chave:

Pagamento por serviços ambientais, adicionalidade, custo de oportunidade, unidades de conservação da natureza, Amazônia brasileira, Bolsa Floresta

Resumo

A implementação de pagamento por serviços ambientais (PSA) em áreas públicas protegidas levanta várias questões nos domínios econômico, social e ambiental. Neste artigo, analisamos o caso do Programa Bolsa Floresta (PBF) do Brasil, estabelecido nas Unidades de Conservação da Natureza do estado do Amazonas e considerado um dos maiores programas do mundo em termos de área de cobertura. Primeiro, verificamos se o programa realmente atende aos requisitos de um PSA típico: condicionalidade, adicionalidade e voluntariedade. Em segundo lugar, procuramos avaliar os dois requisitos principais para que um PSA tenha um bom desempenho: eficácia econômica e sustentabilidade ecológica. Estudando o caso da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Uatumã, determinamos que os pagamentos feitos não cobrem os custos de oportunidade dos prestadores-receptores, o que resulta na não prestação dos serviços ambientais contratados. A área total de floresta secundária (FS) disponível para ser incorporada em sucessivos ciclos de cultivo pode não ser grande o suficiente para permitir períodos de pousio de uma duração longa o suficiente para que a fertilidade do solo se recupere totalmente. A intensificação das atividades agrícolas em áreas de FS pode levar à degradação do sistema agrícola tradicional e a consequente perda dos serviços ecossistêmicos que esse sistema pode potencialmente fornecer. Em suma, esses impactos negativos indicam que, pelo menos na RDS do Uatumã, o PBF pode não ser efetivo a médio e longo prazo.

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Biografia do Autor

  • Henrique dos Santos Pereira, Universidade Federal do Amazonas

    Doutor em Ecologia. Professor titular da Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Brasil).

  • Thaísa Rodrigues Lustosa de Camargo, Universidade Federal do Amazonas

    Doutora em Ciências Ambientais pela da Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Brasil).

  • Suzy Cristina Pedroza da Silva, Universidade Federal do Amazonas

    Doutora em Geociências Aplicadas pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Brasil). Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam, Brasil).

  • Romero Gomes Pereira da Silva, Universidade de Brasília

    Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB, Brasil). Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes, Brasil).

  • Carlos Hiroo Saito

    Doutor em Geografia pela Universidade Federal do rio de Janeiro (UFRJ, Brasil). Professor do programa de pós-graduação em Desenvolvimento sustentável da Universidade de Brasília (UnB, Brasil).

  • Ana Isabel Rosa Cabral, Universidade de Lisboa

    Pesquisadora no Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa (UL, Portugal).

  • Anne-Elisabeth Laques, Institut de Recherche pour le Développement

    Doutora em Geografia pela Universite de Toulouse le Mirail (França) e Universidad de Los Andes (Venezuela). Pesquisadora do Institut de Recherche pour le Développement (França).

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Publicado

2021-08-24

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Seção Geral

Como Citar

Eficácia Econômica Potencial do Pagamento por Serviços Ambientais em uma área protegida no estado do Amazonas (Brasil). (2021). Revista De Estudios Brasileños, 8(16), 69-84. https://doi.org/10.14201/reb20218166984