Bourdieu e a sociologia do esporte: contribuições, abrangência e desdobramentos teóricos
DOI:
https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2017.106962Schlagwörter:
Bourdieu, esporte, SociologiaAbstract
Neste texto, está em pauta aquele que entendemos ser o principal legado teórico de Bourdieu para o estudo sociológico do esporte, qual seja, a sistematização de um modus operandi que permite compreender a estruturação dessa prática como um campo regido por leis de oferta e demanda e, na esteira dessa linha investigativa, demonstrar como o esporte é apropriado a partir de uma economia simbólica peculiar que atualiza as divisões do mundo social e, muitas vezes, reforça mecanismos de dominação. Para dar conta dessa análise, o texto foi dividido em três eixos de discussão. Na primeira parte, pretendemos recuperar a estrutura teórica que animou o empreendimento sociológico de Bourdieu. Já no segundo bloco analítico, procuramos restituir o modo com que o esporte foi concebido por Bourdieu como um problema sociológico. Por fim, recuperamos algumas críticas direcionadas na literatura sociológica ao referencial de Bourdieu e sugerimos que uma “apropriação inventiva” de seu modelo teórico pode ser útil no intuito de interpretar alguns processos esportivos levados a efeito na sociedade moderna.
Downloads
Literaturhinweise
Alexander, Jeffrey Charles. (1995), Fin de siècle social theory: relativism, reduction, and the problem of reason. Londres, Verso.
Boltanski, Luc. (2005), “Usos fracos e usos intensos do habitus”. In: Encrevé, Pierre & Lagrave, Rose-Marie (orgs.). Trabalhar com Pierre Bourdieu. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, pp. 155-163.
Bourdieu, Pierre. (1978), “Sport and social class”. Social Science Information sur les Sciences Sociales, 6 (17): 819-840.
______. (1983a), Questões de sociologia. Rio de Janeiro, Marco Zero.
______. (1983b), “Como é possível ser esportivo?”. In: ______. Questões de sociologia. Rio de Janeiro, Marco Zero, pp. 136-153.
______. (1988), “Program for a sociology of sport”. Sociology of Sport Journal, 2 (5): 153-161.
______. (1989c), O poder simbólico. Lisboa, Difel.
______. (1990a), Coisas ditas. São Paulo, Brasiliense.
______. (1990b), “Programa para uma sociologia do esporte”. In: ______. Coisas ditas. São Paulo, Brasiliense, pp. 207-220.
______. (1996). As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.
______. (1997a), Sobre a televisão. Rio de Janeiro, Zahar.
______. (1997b), A miséria do mundo. Petrópolis, Vozes.
______. (1998a), A economia das trocas simbólicas. São Paulo, Perspectiva.
______. (1998b), A economia das trocas linguísticas. São Paulo, Edusp.
______. (2001), Meditações pascalianas. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil.
______. (2003a), “Esboço de uma teoria da prática”. In: Ortiz, Renato (org.). A sociologia de Pierre Bourdieu. São Paulo, Olho d’Água, pp. 39-72.
______. (2003b), “O campo científico”. ______. (org.). A sociologia de Pierre Bourdieu. São Paulo, Olho d’Água, pp. 112-143.
______. (2004), Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo, Editora da Unesp.
______. (2007), Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas, Papirus.
______. (2008a), A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo/Porto Alegre, Edusp/Zouk.
______. (2008b), Homo academicus. Buenos Aires, Siglo xxi.
______. (2009), O senso prático. Petrópolis, Vozes.
Bourdieu, Pierre et al. (1999), A profissão de sociólogo: preliminares epistemológicas. Petrópolis, Vozes.
Bourdieu, Pierre & Wacquant, Loïc. (2008), Una invitación a la sociología reflexiva. 2. ed. Buenos Aires, Siglo xxi.
Callède, Jean-Paul. (2007), La sociologie française et la pratique sportive (1875-2005) – essai sur le sport: forme et raison de l’échange sportif dans les sociétés modernes. Pessac, msha.
Catani, Afrânio Mendes et al. (2001), “As apropriações da obra de Pierre Bourdieu no campo educacional brasileiro, através de periódicos da área”. Revista Brasileira de Educação, 17: 63-85.
Celikates, Robin. (2012), “O não reconhecimento sistemático e a prática da crítica: Bourdieu, Boltanski e o papel da teoria crítica”. Novos Estudos, 93: 29-42.
Clément, Jean-Paul. (1995). “Contributions of the sociology of Pierre Bourdieu to the sociology of sport”. Sociology of Sport Journal, 12: 147-157.
Chartier, Roger. (2002), “Bourdieu e a História: debate com José Sérgio Leite Lopez”. Topoi, 3: 139-182.
Damo, Arlei Sander. (2005), Do dom à profissão: uma etnografia do futebol de espetáculo a partir da formação de jogadores no Brasil e na França. Porto Alegre, tese de doutorado em antropologia social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Defrance, J. (2011), “L’évolution de la recherche sur le sport en France”. Revue Saboir/Agir, 11: 59-66.
Elias, Norbert. (1994a). A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro, Zahar.
______. (1994b), O processo civilizador: uma história dos costumes. Rio de Janeiro, Zahar.
______. (1994c), O processo civilizador: formação do Estado e civilização. Rio de Janeiro, Zahar.
______. (2011), Introdução à sociologia. Lisboa, Edições 70.
Elster, Jon. (1981), “Snobs – review of La distinction: critique sociale du jugement”. London Review of Books, 20 (3): 10-12.
______. (1983), Sour grapes: studies in the subversion of rationality. Cambridge, Cambridge University Press.
Foucault, Michel. (2000), Vigiar e punir: nascimento da prisão. 23. ed. Petrópolis, Vozes.
Franco Júnior, Hilário. (2007), A dança dos deuses: futebol, cultura e sociedade. São Paulo, Companhia das Letras.
Freud, Sigmund. (1996), “O mal-estar na civilização”. In: ______. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. Rio de Janeiro, Imago, vol. 21, pp. 73-148.
Hobsbawm, Eric. (2003), Da Revolução Industrial inglesa ao imperialismo. Rio de Janeiro, Forense Universitária.
Ianni, Octavio. (1991), “A crise de paradigmas na sociologia”. Revista Crítica de Ciências Sociais, 32: 195-215.
Jenkins, Richard. (2002), Pierre Bourdieu. Londres, Routledge.
Lahire, Bernard (2002a), Homem plural: os determinantes da ação. Petrópolis, Vozes.
______. (2002b), “Reprodução ou prolongamentos críticos?”. Educação e Sociedade, 78 (23):37-55.
Leite Lopes, José Sérgio. (1995), “Esporte, emoção e conflito social”. Mana, 1 (1): 141-165.
Marcelo & Lucena, Ricardo (orgs.). Esporte: história e sociedade. Campinas, Autores Associados, pp. 77-111.
______. (2004), “Sacando” o voleibol. São Paulo/Ijuí, Hucitec/Unijuí.
______. (2011), Ensaios em sociologia do esporte. São Paulo, Factash.
Medeiros, Cristina Carta Cardoso de. (2007), A teoria sociológica de Pierre Bourdieu na produção discente dos programas de pós-graduação em educação no Brasil (1965-2004). Curitiba, tese de doutorado em educação, Universidade Federal do Paraná.
______ & Godoy, Letícia. (2009), “As referências de Pierre Bourdieu e Norbert Elias na Revista Brasileira de Ciências do Esporte: mapeando tendências de apropriação e de produção de conhecimento na área da Educação Física (1979-2007)”. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 2 (30): 199-214.
______ & Marchi Júnior, Wanderley. (2009), “Para uma sociologia da educação: considerações a partir da obra de Pierre Bourdieu”. In: Brandão, Carlos da Fonseca (org.). Intelectuais do século xx e a educação no século xxi: o que podemos aprender com eles?. Marília, Poïesis, pp. 99-119.
Nogueira, Cláudio Marques Martins & Nogueira, Maria Alice. (2002), “A sociologia de educação de Pierre Bourdieu: limites e contribuições”. Educação e Sociedade, 78 (23): 15-35.
Salvini, Leila et al. (2012), “A violência simbólica e a dominação masculina no campo esportivo: algumas notas e digressões teóricas”. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 2 (26): 401-410.
Souza, Jessé de. (2003), A construção social da subcidadania: para uma sociológica política da modernidade periférica. Belo Horizonte/Rio de Janeiro, Editora da ufmg/Iuperj.
______. (2006), A invisibilidade da desigualdade brasileira. Belo Horizonte, Editora da ufmg.
______. (2009), A ralé brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte, Editora da ufmg.
Souza, Juliano de. (2010), O xadrez em xeque: uma análise sociológica da “história esportiva” da modalidade. Curitiba, dissertação de mestrado em educação física, Universidade Federal do Paraná.
______. (2011), “A reflexividade metodológica de Pierre Bourdieu como modelo heurístico para leitura do esporte no Brasil: potencialidade e contribuições”. In: Marchi Júnior, Wanderley (org.). Ensaios em sociologia do esporte. São Paulo, Factash, pp. 29-53.
______. (2014), O “esporte das multidões” no Brasil: entre o contexto de ação futebolístico e a negociação mimética dos conflitos sociais. Curitiba, tese de doutorado em educação física, Universidade Federal do Paraná.
Souza, Juliano de & Marchi Júnior, Wanderley. (2010a), “Por uma sociologia reflexiva do esporte: considerações teórico-metodológicas a partir da obra de Pierre Bourdieu”. Revista Movimento, 1 (16): 293-315.
______. (2010b), “Por uma gênese do campo da sociologia do esporte: cenários e perspetivas”. Revista Movimento, 2 (16): 45-70.
Marchi Júnior, Wanderley (2002), “Bourdieu e a teoria do campo esportivo”. In: Proni, Souza, Juliano de et al. (2014a), “A sociologia configuracional de Norbert Elias: potencialidades e contribuições para o estudo do esporte”. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 2 (36): 429-445.
______. (2014b), “Por uma reconstrução teórica do futebol a partir do referencial sociológico de Pierre Bourdieu”. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 2 (28): 221-232.
Toledo, Luiz Henrique de. (2000), Lógicas no futebol: dimensões simbólicas de um esporte nacional. São Paulo, tese de doutorado em antropologia, Universidade de São Paulo.
Vandenberghe, Frédéric. (2010), Teoria social realista: um diálogo franco-britânico. Belo Horizonte/Rio de Janeiro, Editora ufmg/Iuperj.
Vasconcelos, Maria Drosila. (2002), “Pierre Bourdieu: a herança sociológica”. Educação & Sociedade, 78 (23): 77-87.
Vigarello, Georges. (2005), “Sistema de esportes, esportes concorrentes”. In: Encrevé, Pierre & Lagrave, Rose-Marie (orgs.). Trabalhar com Pierre Bourdieu. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, pp. 185-193.
Yacine, Tassadit. (2005), “Argélia, matriz de uma obra”. In: Encrevé, Pierre & Lagrave, Rose-Marie (orgs.) Trabalhar com Pierre Bourdieu. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, pp. 337-349.
Wacquant, Loïc. (1997), “Durkheim e Bourdieu: a base comum e suas fissuras”. Novos Estudos, 48: 29-38.
______. (2002), “O legado sociológico de Pierre Bourdieu: duas dimensões e uma nota pessoal”. Revista de Sociologia e Política, 19: 95-110.
______. (2006), “Seguindo Pierre Bourdieu no campo”. Revista de Sociologia e Política, 26: 13-29.
______. (2007), “Esclarecer o habitus”. Educação e Linguagem, 16 (10): 63-71.
Downloads
Veröffentlicht
Ausgabe
Rubrik
Lizenz
Copyright (c) 2017 Tempo Social
Dieses Werk steht unter der Lizenz Creative Commons Namensnennung - Nicht-kommerziell 4.0 International.