Quincas Borba e o romance oitocentista francês: coisas deles, coisas nossas
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2448-1769.mag.2023.210613Palavras-chave:
Machado de Assis, Quincas Borba, Gustave Flaubert, Theodor W. Adorno, György LukácsResumo
Este artigo tem por objetivo fazer uma análise comparada de trechos dos romances A educação sentimental (1867), de Gustave Flaubert, e Quincas Borba (1891), de Machado de Assis. Para isso, vamos delinear brevemente o contexto dos períodos em que os enredos se passam, procurando destacar eventos históricos que figuram em ambas as obras, ou que estão em seus horizontes. Em seguida, buscaremos mostrar pontos de contato entre os romances, como procedimentos narrativos, concepção de tempo, personagens e temas. As discussões sobre o realismo e o modernismo abordados em ensaios de Lukács e Adorno servirão de baliza para a análise. A hipótese é que passagens significativas da obra de Machado, sobretudo em Quincas Borba, apontam para a convergência entre os processos de reificação do capitalismo, que Adorno identificava no romance francês, e a dimensão desumanizante da escravidão.
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