MÚSICA ANTES, PALAVRA DEPOIS
SOBRE A REALIZAÇÃO DO REPERTÓRIO DA CATEQUESE COM INSTRUMENTOS MUSICAIS NAS MISSÕES JESUÍTAS BRASILEIRAS
DOI:
https://doi.org/10.11606/rm.v18iespecial.151088Palavras-chave:
Jesuitas, doutrina, catequese, música instrumental, prática coletiva, flauta, flauta doceResumo
O processo de catequização das crianças indígenas nas missões jesuítas brasileiras foi bastante peculiar, certamente diferenciado do que ocorria nos colégios europeus. Os padres inacianos precisaram aprender a língua local, adaptar os pro-cessos e materiais pedagógicos e proporcionar aos curumins uma vivência religiosa da qual eles nada conheciam. O uso da música foi essencial para estabelecer uma conexão mais próxima, atrativa aos índios, servindo ao mesmo tempo de isca para a catequese e de reforço ao aprendizado da doutrina. Embora essencialmente vocal, boa parte do repertório musical da catequese foi realizado em instrumentos, particularmente em flautas, amplamente empregadas pelos missionários, so-bretudo nas primeiras décadas de sua atuação (1550-1610). Nesta comunicação, pretendemos demonstrar que o ensino de instrumentos musicais às crianças indígenas, particular-mente de flautas, não visava apenas proporcionar uma varia-ção instrumental ao repertório, mas também estabelecer um elemento uniformizador de resposta à doutrina. A barreira da língua e a compreensão real do conteúdo cristão eram algu-mas das maiores dificuldades enfrentadas pelos padres, mas a realização da música pelas flautas de certa forma minimizava tais obstáculos e proporcionava a sensação de êxito na ativi-dade missionária. Se a palavra é necessária para concretizar e explicitar o pensamento, enquanto a música potencializa seu significado, nas missões jesuítas brasileiras os papéis parecem ter se invertido: a música serviu antes como recurso de assimi-lação, e a palavra, em língua desconhecida, constituidora de um texto complexo, foi por muitas vezes elemento acessório e não totalmente assimilado.
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